As florestas guardam inúmeros perigos para os seres humanos, principalmente nos locais mais remotos. Muitas pessoas já ouviram histórias sobre exploradores perdidos que são engolidos por plantas carnívoras no meio da selva. Mas fique tranquilo. As plantas carnívoras realmente existem, mas elas são geralmente pequenas e delicadas e seus alimentos são insetos e minúsculos animais.
Hoje, são conhecidas mais de 500 espécies de plantas carnívoras espalhadas por todo o planeta, desde as florestas tropicais até os desertos da Austrália. No Brasil, calcula-se que existam mais de 80 diferentes espécies. Elas crescem principalmente nas serras e chapadas, e podem ser encontradas em quase todos os Estados, sendo mais abundantes em Goiás, Minas Gerais e Bahia.
A Dionaea, nativa de pântanos da planície costeira dos EUA é a planta carnívora mais famosa e mais comum para o cultivo entre todas, talvez pelo seu aspecto bem “carnívoro” de suas armadilhas, que parecem mandíbulas.
Três características dão a essas plantinhas a denominação de “carnívoras”. Para começar, elas precisam ter a capacidade de atrair seu alimento, geralmente utilizando odores e suas cores chamativas; depois elas precisam ter mecanismos que aprisionam suas vítimas; e, por último, terem o poder de digerir as presas.
Captura
Essas plantas desenvolveram vários tipos de armadilhas para capturarem suas presas:
Armadilhas tipo jaula: como no caso da Dionaea, as folhas são divididas em duas e possuem gatilhos no seu interior que, quando tocados por presas, fazem as folhas se fecharem como se fossem uma boca.
Armadilhas de sucção: encontradas nas espécies do gênero Utricularia, que podem ser terrestres ou aquáticas. Elas possuem pequenas vesículas com uma diminuta entrada cercada por “sensores” que, quando tocados, abrem essa entrada. Como havia vácuo no interior da vesícula, a abertura repentina suga o que estiver ao redor, incluindo a presa.
Folhas colantes: algumas espécies possuem glândulas colantes espalhadas pelas folhas ou mesmo por toda a planta. Quando o inseto pousa, não consegue mais sair ficando grudado a ela. Esse tipo de armadilha é encontrado em plantas do gênero Byblis, Drosera, Drosophyllum, Ibicella e Triphyophyllum.
Ascídios: são plantas parecidas com urnas, com uma entrada no topo e líquido digestivo no interior como a Nepenthes. As presas caem no líquido digestivo, onde se afogam e são digeridas.
Alimentos
Os insetos são o prato principal dessas plantas, mas seu cardápio pode ser bem variado dependendo da presa que cair em suas armadilhas. Geralmente, acabam se tornando alimento organismos aquáticos microscópicos, moluscos (lesmas e caramujos) e artrópodes em geral (insetos, aranhas e centopeias).
Plantas do gênero Nepenthes podem ocasionalmente capturar até mesmo pequenos vertebrados, como sapos, pássaros e roedores. Elas possuem as maiores armadilhas, que podem alcançar até meio metro de altura cada e armazenar até cinco litros de água.
Digestão
Depois que captura sua presa, a planta começa o processo de digestão, realizada por meio de enzimas que quebram as substâncias em moléculas menores que podem ser absorvidas pelas folhas.
Algumas espécies não produzem suas próprias enzimas e dependem de bactérias para a digestão de suas presas, deixando o processo bem mais lento.
As presas para essas plantas funcionam na verdade como um complemento alimentar, uma fonte de nutrientes. Elas geralmente crescem em solo pobre de nutriente e precisam compensar o que as raízes não conseguem extrair.
Evolução
Especialistas acreditam que as plantas carnívoras surgiram na Terra há 65 milhões de anos. Acredita-se que elas evoluíram a partir de plantas que capturavam parasitas para se defenderem deles. Os insetos ficavam presos nas glândulas colantes das folhas, e com o tempo morriam e apodreciam.
A partir de então, as enzimas que digeriam proteínas nas sementes foram deslocadas para outras partes das plantas e passaram a ajudar na digestão das pragas. Com o tempo, cada espécie foi criando seu tipo de armadilha e passaram a criar armas para atrair as presas.