As plantas carnívoras sempre despertaram o interesse do público em geral, acendendo a imaginação das pessoas, devido à sua natureza exótica quando comparada com os demais membros do reino vegetal.
Em primeiro lugar, é preciso dizer que elas não são monstros de casas mal-assombradas, nem devoradoras de exploradores inocentes perdidos em florestas tropicais africanas. Pelo contrário, na maioria são plantas pequenas e delicadas que capturam pequenos insetos ou animais aquáticos microscópicos.
Sua beleza exótica engana muitas pessoas, levando-as a crer que suas folhas, altamente especializadas, são flores – mais ainda, nem se apercebem de que elas são carnívoras. Portanto, a menos que você tenha o tamanho de um inseto, elas lhe são perfeitamente inofensivas.
Para que uma planta possa ser considerada carnívora, é preciso que ela tenha a capacidade de: atrair, prender e digerir formas de vida animais.
A grande maioria das flores tem a capacidade de atrair insetos para fins de polinização, algumas chegam até a prendê-los para garantir a polinização; exemplos destas são o papo-de-peru e algumas orquídeas. Mas não os digerem, portanto não são carnívoras verdadeiras.
O que elas “comem”?
Com frequência encontra-se na literatura o nome “insetívora” para estas plantas, mas tal termo não é correto. Insetos podem ser o principal elemento de seu cardápio, mas a dieta pode ser bem variada, incluindo desde organismos aquáticos microscópicos, moluscos (lesmas e caramujos), artrópodes em geral (insetos, aranhas e centopéias), e ocasionalmente pequenos vertebrados, como sapos, pássaros e roedores.
Na verdade supõe-se que os vertebrados tornam-se presas acidentalmente, quando procurando por insetos presos nas armadilhas, em busca de alimento, os mais debilitados não conseguem escapar, e acabam passando de predador à presa.
Como capturam suas presas?
Inicialmente, elas precisam de algum mecanismo para atrair as presas às suas armadilhas. Muitas carnívoras atraem-nas da mesma forma que as flores atraem seus polinizadores: com vívidas cores e odor de néctar. Outras aproveitam-se de padrões de luz ultravioleta de suas armadilhas para atrair insetos voadores. Mais ainda, a luz refletida pelas numerosas gotículas de mucilagem ou pelo revestimento externo das folhas de certas bromélias também atrai insetos voadores.
Há vários tipos de armadilhas utilizadas pelas plantas carnívoras para capturar suas presas:
(1) armadilhas tipo “jaula”,
(2) armadilhas de sucção,
(3) folhas colantes,
(4) ascídios.
As armadilhas “jaula” são as mais famosas por serem a própria representação da ação carnívora por meio de vegetais. As folhas são modificadas em duas metades com gatilhos no interior. Quando os gatilhos são tocados por presas potenciais, as metades da folha se fecham em incríveis frações de segundo, esmagando a presa e digerindo-a.
Armadilhas de sucção consistem de pequenas vesículas, cada qual com uma diminuta entrada cercada por gatilhos que, quando estimulados, provocam a abertura desta entrada. Devido à diferença de pressão entre o interior e o exterior da vesícula, quando a entrada é repentinamente aberta, tudo ao redor é sugado para dentro, incluindo a presa que estimulou o gatilho.
Armadilhas do tipo folhas colantes são as mais simples, e encontradas em algumas famílias sem parentesco próximo. Basicamente, são glândulas colantes espalhadas pelas folhas ou até pela planta toda. As presas são, na maioria, pequenos insetos voadores.
Ascídios são folhas altamente especializadas, inchadas e ocas como se fossem urnas, com uma entrada no topo e líquido digestivo no interior, como se fossem urnas, com uma entrada no topo e líquido digestivo no interior.
Estão presentes em algumas famílias sem parentesco próximo : Cephalotus, Darlingtonia, Heliamphora, Nepentes e, Sarracenia etc. Capturam desde pequenos vertebrados até diminutos invertebrados. As presas caem no líquido digestivo, aonde se afogam e são digeridas; seus restos se acumulam no fundo, às vezes enchendo a armadilha até o topo.
Atualmente, são conhecidas mais de 500 espécies de plantas carnívoras, espalhadas pelo mundo todo (exceto a Antártida). Podem ser encontradas em regiões desde as quentes e úmidas florestas tropicais, até as tundras gélidas da Sibéria, ou os desertos esturricantes da Austrália.
No Brasil, existem mais de 80 espécies diferentes (exceto pela Austrália, o Brasil é o país que mais tem espécies carnívoras no mundo). Elas crescem principalmente nas serras e chapadas, e podem ser encontradas em quase todos os estados, sendo mais abundantes em Goiás, Minas Gerais e Bahia.
Habitat
As plantas carnívoras crescem em solos pobres de nutrientes. A maioria, em solos encharcados (como brejos), de pH baixo (ácido), às vezes pedregosos. A falta de nutrientes, especialmente o nitrogênio, é um fator crítico que limita o crescimento das plantas de maneira geral.
Este problema foi resolvido pelas primeiras plantas carnívoras que surgiram na Terra, ao desenvolverem métodos para aprisionar e digerir animais e assim utilizarem-se de suas proteínas (ricas em nitrogênio) como fonte de nutrientes. Como sugerem fósseis de pólen, isso foi há cerca de 65 milhões de anos – na época dos dinossauros.
Mas vamos falar especificamente das plantas carnívoras do gênero Ascídios ou Planta-jarro. Elas são capazes de usar suas folhas em forma de tubo para capturar e digerir insetos. Os insetos são atraídos por um néctar doce e também por atrações visuais.
Dentro do tubo é sempre muito escorregadio para o inseto sair. Quando eles caem dentro da piscina de água lá dentro, eles são digeridos pelas enzimas ou bactérias. A razão pela qual estas plantas criaram este método de nutrição se deve ao fato que em seus solos nativos faltavam minerais ou estes eram muito ácidos. Este método possibilitou que elas compensassem isso conseguindo os nutrientes dos insetos.
Mas saibam que é possível cultivar estas plantas fascinantes em casa: apenas siga os passos.
Em primeiro lugar, pesquise sobre as exigências de cada espécie. Plantas carnívoras desse tipo podem ser encontradas por todo o mundo, então as exigências para cultivá-las variam de acordo com a região de origem. Leiam alguns livros de qualidade sobre o assunto para ter um entendimento sólido das plantas e suas necessidades.
Segue uma visão geral breve dos diferentes tipos de plantas carnívoras de jarro:
* Nepenthes, copos de macaco – Existem cerca de 120 espécies no gênero Nepenthes e elas crescem nos trópicos do Velho Mundo (principalmente no arquipélago malaio). Muitas destas espécies requerem alta umidade, muita água e níveis de moderados a altos de luz (semelhante às orquídeas). Estas não são plantas “iniciantes” das mais ideais.
* Sarraceniaceae – Esta família cresce no Novo Mundo e pode ser dividida em três gêneros (grupos de espécies):
* Sarracenia – Todas as plantas desta espécie crescem na América do Norte. Requerem um verão e inverno distintos, luz solar forte direta e muita água.
* Darlingtonia - Estas espécies estão limitadas aos estados americanos do Oregon e norte da Califórnia e são difíceis de cultivar. As raízes precisam ser mantidas mais frias do que o resto das plantas porque elas crescem em ambientes com água corrente fria.
* Heliamphora – Estas espécies são nativas da América do Sul. Elas também são difíceis de cultivar.
* Cephalotus – Só há uma espécie neste gênero (Cephalotus folicularis) e pode ser cultivada como qualquer outra planta subtropical.
* Bromeliaceae – Esta é a mesma família dos abacaxis. Acredita-se que uma ou duas espécies desta família são carnívoras. Elas não geram o formato característico de jarro.
Assim que tiver decidido quais espécies você está melhor preparado para cultivar, comece a procurar por uma fonte. A melhor hipótese é que você encontre uma estufa de boa reputação e compre uma planta carnívora ascídio de lá. Peça mais algumas dicas aos assistentes de como cultivar aquela espécie em particular.
É possível comprar online, mas as plantas podem ser danificadas e morrer durante o envio. Embora seja possível cultivá-las a partir de sementes ou mudas, não se aconselha tal medida para iniciantes.
As temperaturas ideais para o cultivo dessas plantas variam de 15ºC a 29ºC. A linda coloração das plantas carnívoras ascídios serão muito mais intensas se elas receberem pelo menos algumas horas da luz do sol, mas crescerão razoavelmente bem na sombra parcial. A maioria das pessoas cultiva estas plantas em ambiente de estufa ou em um terrário.
Você pode fazer uma versão barata usando um pires e uma garrafa pet; corte a parte de cima da garrafa e coloque sobre a planta no pires. O jardim só vai ser adequado se replicar o ambiente exato onde estas plantas crescem naturalmente.
A iluminação inadequada é uma causa comum de morte de plantas carnívoras ascídios em ambiente caseiro. Se você não tem uma estufa ou lugar úmido e ensolarado para as plantas, considere o uso de iluminação artificial.
Ilumine com várias lâmpadas fluorescentes brancas frias ou mornas, colocadas a 30 cm da planta. Apenas coloque plantas carnívoras ascídios mais resistentes no peitoril da janela, e mesmo assim somente se tiver luz solar e umidade adequada. Embora banheiros sejam maravilhosamente úmidos, suas janelas são normalmente escuras demais para prover a quantidade de luz necessária para a planta.
As plantas mais resistentes incluem as Droseras, Utricularias, e Pinguiculas. A Vênus papa-moscas provavelmente não vai gostar de estar situado no parapeito da janela. Cuidado, pois ar condicionado deixa o cômodo muito seco para plantas carnívoras de jarro.
Depois de situar a planta apropriadamente, encha o jarro da planta com 1,2 cm a 2 cm de água para manter a umidade interna. Durante a viagem, o fluido já presente nos jarros pode sair de dentro dele às vezes. Se os jarros secarem, a planta pode morrer.
Providencie um solo bem drenado. Um bom solo é aquele composto de uma mistura de musgo e perlite ou a combinação de musgo do gênero esfagno, carvão e casca de orquídea. No entanto, o tipo de solo e as proporções devem ser pesquisados com muito cuidado para a espécie de planta que você tem.
Se sua planta carnívora ascídio não gostar do solo, ela não vai crescer e vai morrer. Não use substrato ou fertilizantes – plantas deste tipo estão preparadas para o solo pobre e o solo rico vai sobrecarregá-las.
Mantenha o solo muito molhado durante o período vegetativo. Um vaso drenado deve conter 2,5 cm de água parada. Não deixe as plantas secarem completamente. Certifique-se de que a água que você usa é da chuva ou destilada, com baixos níveis de sais. Arejar a água antes de regar a planta pode ajudar ela a crescer. Para arejar a água, encha um recipiente até a metade com água e agite-o vigorosamente.
Mantenha o habitat úmido. Plantas carnívoras de jarro podem tolerar baixa umidade, mas elas normalmente param de produzir os jarros se a umidade for inadequada. Cerca de 35% de umidade está bom para as plantas. Estufas e terrários podem fornecer a umidade necessária, mas garanta uma ventilação apropriada para que o ar não superaqueça ou fique estagnado.
Alimente a planta. Se estas plantas estiverem crescendo em algum lugar sem acesso aos insetos por um período extenso de tempo, você pode dar alguns insetos pequenos, como uma mosca ou uma barata para uma planta adulta. No entanto, isto normalmente não é necessário.
Muitas espécies se beneficiam de uma pequena quantidade de um fertilizante solúvel adicionado ao jarro (por exemplo, um fertilizante para plantas de solos ácidos misturado com 1/8 de uma colher de chá por quarto de água). Coloque esta solução nas plantas até que 3/4 delas estejam preenchidos.
Mantenha o bem-estar da planta. Além de regar, manter a planta em boa forma requer que você assegure que ela tenha espaço para crescer e que seja protegida:
* Tire todas as folhas mortas com tesouras quando o período de dormência começar. O período de dormência varia por espécie, mas normalmente é de 3 a 5 meses durante o inverno. Durante este tempo, elas devem ser mantidas mais frias e mais secas do que o normal.
* Proteja as plantas carnívoras que estão do lado fora. Deixe qualquer planta carnívora ascídio no vaso ou providencie uma camada grossa de súber e cubra com plástico ou um recipiente em zonas de rusticidade seis a oito durante os meses de inverno quando deixadas do lado de fora.
* Divida a planta e mude o vaso quando ela sair da dormência antes do crescimento rápido das novas plantas e iniciar o ciclo de novo. As plantas carnívoras de jarro pode viver por vários anos se forem bem cuidadas.
Importante saber
* Plantas carnívoras ascídios tropicais como as Nepenthes ou copo de macaco precisam de uma estufa para crescerem adequadamente. Uma estufa onde se cultiva orquídeas produz o ambiente certo para as Nepenthes.
* Plantas carnívoras de jarro podem ser dividias e replantadas quando elas estiverem fora do período de dormência, mas isto deve ser feito antes que o novo crescimento comece.
* Para melhores resultados, apenas compre plantas cultivadas em viveiros. Contate seu viveiro local para saber da disponibilidade ou compre de fornecedores de plantas carnívoras na internet.
* Se estiver cultivando a planta dentro de casa, coloque-a numa janela que dê para o sul ou forneça de 12 a 14 horas de luz artificial.
* Caso cultive ela no vaso, mova-a para o porão ou outro lugar frio durante os períodos de dormência em áreas frias e mantenha o solo úmido. As melhores temperaturas estão em torno de 4°C durante este período de três a quatro meses.
Avisos
* Não use substrato – ele vai matar a planta.
* Nunca deixe o solo secar, mantenha a água no pires mesmo no período de dormência.
* As plantas carnívoras ascídios variam em altura de 10 cm (Sarracenia psittacina) a mais de 1 m (Sarracenia flava). Tenha cuidado ao escolher a variedade mais adequada às suas exigências.
* Use apenas água da chuva ou água destilada para regar suas plantas carnívoras.
* Plantas carnívoras de jarro no vaso podem ser cultivadas do lado de fora durante o período vegetativo. Elas vão ficar dormentes durante o inverno. As plantas que são tropicais não aguentam temperaturas congelantes. As que forem da América do Norte podem ser deixadas do lado de fora de acordo com a zona de crescimento.
* Nunca fertilize uma planta carnívora deste tipo; ele adquire seus nutrientes dos insetos que captura. Se estiver alimentando com insetos, mantenha isto no mínimo porque muitos insetos podem fazer com que a planta murche e morra.