As raízes são responsáveis pela fixação da orquídea e por 70% ou mais da captação das substâncias usadas por ela para vegetar com saúde.
É umas das partes que mais evoluiu em relação às raízes de outras plantas mais simples.
Essa evolução vem ocorrendo ao longo dos milhares de anos por uma necessidade das orquídeas terem que adaptar em locais onde outras espécies de plantas não conseguem viver.
Essa evolução permitiu que as orquídeas vegetem na forma aérea sobre as árvores dentro das florestas e campos, no alto das montanhas entre as fendas das rochas onde ficam sob sol escaldante e também na forma terrestre, tanto nas camadas de serrapilheira (folhas mortas do chão da floresta), como em solo de quase todo tipo, até mesmo os mais alagados.
Somado a isso os mais variados tipos de clima encontrados nesses locais, desde o clima tropical, subtropical e equatorial, até mesmo o semi árido e o desértico, pois as orquídeas estão espalhadas por todos os continentes do globo com exceção da Antártida.
A grande maioria das espécies de orquídeas conhecidas é epífita, isto é, vive com suas raízes expostas fixadas em galhos e troncos de árvores nas florestas, ou na forma aérea mesmo, em pleno ar!
A grande maioria das milhares de espécies de orquídeas possuem suas raízes envoltas por uma camada de células em véus que funciona de forma semelhante a uma esponja para absorver água e tem o nome de velame.
O velame protege a raiz para que não fique exposta, e tem a função de absorver água e nutrientes além de evitar a evaporação excessiva.
Esse velame é uma estrutura de muitas camadas, com um engrossamento especial nas paredes das células, prevenindo o colapso celular e protegendo a raiz de danos.
É interessante notar que o cilindro vascular das raízes, a parte mais interna da raiz de uma orquídea, jamais, ou muito raramente, é infectada pelos fungos que vivem nela, pois a planta controla o espaço onde ficam os fungos e como eles tem vida muito curta acabam sendo absorvidos pelas células das orquídeas em forma de minerais e dessa forma a planta controla a quantidade de fungos que vive na raiz.
Quando a raiz está úmida, sua cor fica verde e o velame enche-se passivamente com água, ajudado por micro perfurações nas suas paredes. Quando seca, a cor fica entre o branco e o prateado e o velame faz uma barreira contra a perda de água, evitando a evaporação excessiva. Algumas espécies de orquídea apresentam as raízes de cor acobreada ou amarronzada.
A ponta da raiz de uma orquídea é sempre de cor diferente enquanto está crescendo e muita gente já reparou isso, porque o contraste da cor é nítido. É na ponta da raiz que fica o meristema.
O meristema é a parte da raiz que é responsável pela divisão de células e crescimento.
A maioria das orquídeas que tem a ponta em crescimento na cor verde, outras na cor vinho e outras até com pigmentos amarelados. Essa cor da ponta da raiz pode indicar as prováveis cores das flores em muitas espécies e em muitos híbridos também.
Por exemplo, uma raiz de uma planta crescendo com o meristema na cor verde pode indicar flores albas, coeruleas, semi-albas ou flores de cor clara como o creme e o amarelo.
E raízes de ponta escura ou avermelhada indicam flores de cor típica nas espécies, ou cores mais intensas como o vermelho o lilás e o vinho em híbridos.
Aproveite e faça essa observação nas suas plantas! Lembre-se que na orquidofilia, a observação é uma necessidade no cultivo.
O meristema da raiz é muito sensível e recebe a proteção da coifa, que é essa ponta arredondada de cor diferente do resto da raiz.
Existem situações que o crescimento das raízes pode parar, por exemplo, se for comido por alguma praga como lesma ou caracóis, se for atacada por nematóide ou se for machucada acidentalmente.
Esse tipo de situação é algo que prejudica demais uma orquídea e por isso temos que ter muito cuidado.
Os mais significativos processos vitais, como a preparação e armazenamento de substancias nutritivas e os fenômenos respiratórios das trocas gasosas por exemplo, acontecem dentro das raízes.
Para uma orquídea perder suas raízes é mais de meio caminho para morrer, sendo necessário intervenção com hormônios estimuladores e “internação” em “SPA”(com micro clima próprio, ideal para que a planta volte a crescer e enraizar.
O replante de uma orquídea é uma operação delicada e precisa, e com a época certa do ciclo para ser feito com sucesso.
Preferencialmente esse procedimento é feito quando a planta começa a emitir raízes novas, pois se entende que elas vão crescer e se fixar no substrato novo.
Uma dica no replante é não deixar a planta fica solta, porque as suas raízes em crescimento ficam raspando no substrato podem se danificar, parando o crescimento delas. Utilize tutores se não conseguir travar a planta com o substrato
A troca de vaso e substrato é estressante para a planta, e se for efetuado na época certa, logo nos meses seguintes será possível observar o crescimento da planta enraizando no novo substrato, além de não prejudicar a floração.
Para travar a planta no replante deve-se ir colocando o substrato sempre na borda do vaso pressionando a planta com o próprio substrato e dessa forma pressionando ela sem encostar nas raízes e assim evitando que esse procedimento danifique as raízes em crescimento.
Existem raízes de orquídeas que são mais grossas e raízes que são mais finas, e isso depende da espécie e do seu habitat. De maneira simples, as raízes grossas reservam mais água que raízes finas e por isso o tamanho e o tipo do substrato influenciam diretamente no sucesso do cultivo da espécie de orquídea.
Plantas de raízes finas tendem a sentir muito mais o replantio. Os dendrobiuns são um exemplo de raízes mais finas e tem no seu replante a chave do sucesso do cultivo deles. Em geral começam a emitir novas raízes após a floração quando os brotos novos estão em desenvolvimento.
Se perder essa fase e fizer o replante em outra época, a planta pode ficar sem florir no outro ano e até entrar em dormência, ou mesmo acabar morrendo, além de ficar solta no vaso por falta de raízes que a fixem ao substrato.
O meristema apical existente nas raízes é uma das opções que propicia a clonagem das orquídeas.
Na hora de comprar orquídeas esse tipo de informação é muito valiosa pois mesmo comprando plantas jovens, pode-se imaginar qual será o provável resultado.
Na hora de adquirir uma planta jovem em orquidários ou exposições é comum se deparar com uma nomenclatura além do nome dessas plantas. É uma definição do tipo de cruzamento da planta e isso indica muito sobre a planta depois de adulta, Veja abaixo os exemplos:
Planta chamada de Meristema: São plantulas geradas através da cultura de tecidos retirados de uma planta adulta e que se deseja “copiar”(clonar). Dessa forma todas as características das plantas que germinarem serão idênticas à planta-mãe.
Planta chamada de Seedlings: são plantulas
obtidas através de sementes, podendo variar em cor, tamanho e quantidade de flores, de acordo com características genéticas dos pais. Uma “loteria”.
Planta chamada de Sibling: orquídea resultante de um cruzamento selecionado de plantas da mesma cápsula ou sementeira, isto é, plantas irmãs que acabam gerando melhores resultados na qualidade das plantas.
A ponta em crescimento de uma raiz pode fazer a fotossíntese se receber luz, e assim ajudar a planta a gerar energia. Muitos enraizamentos costumam sair para fora do vaso também, mas sempre vão na direção em que a umidade é maior e a luz menor.
Quando as raízes estão crescendo dentro do substrato, elas tornam-se pálidas e dilatadas e se submetidas a muita umidade por muito tempo podem apodrecer mais facilmente.
O correto funcionamento das raizes das orquídeas epífitas ocorre com o processo de absorção e secagem delas e por isso a necessidade de secagem do substrato.
As orquídeas terrestres e rupícolas na sua maioria têm raízes capilares e são mais tolerantes às condições de maior umidade, mas mesmo assim exigem uma boa drenagem do substrato.
Uma grande dificuldade no inicio do cultivo é a falta de conhecimento sobre as raizes e também a falta de conhecimento sobre a alimentação das plantas, que é o que a planta precisa para ter capacidade de emitir muitas raizes!
Eu ao longo dos anos aprendi que precisamos saber cultivar raizes se quisermos ter plantas lindas e flores espetaculares.
No mercado de adubos existem muitas opções de enraizadores, vitaminas e hormônios sintéticos que estimulam o crescimento das raízes.
Muitos desses produtos “bombam” as plantas e se usados de forma empírica e sem conhecimento podem também prejudicar e até condenar ela. Quem já cultiva há mais tempo sabe disso!