Devemos estar preparados para o frio intenso e principalmente a geada que é o que causa a maior parte dos estragos em diversas orquídeas, principalmente Vandáceas, Phalaenopsis e Catasetíneas que são muito sensíveis ao frio intenso. O frio intenso e as geadas podem se tornar um problema importante para nossas coleções de orquídeas, portanto é importante que fiquemos ligados e nos preparemos bem para quando tiver risco de ocorrer esses fenômenos e para isso a melhor maneira é está sempre ligado na previsão do tempo, pois é ela que norteará todos os demais cuidados que serão descritos a seguir, mesmo que a previsão não se confirme. Vamos agora entender quais os problemas fisiológicos que o frio intenso e as geadas podem provocar em nossas orquídeas. Podemos dizer que os problemas pelo frio podem ser distúrbios imediatos, como queimaduras por frio e o congelamento totalmente dito e ainda os distúrbios a longo prazo e de efeito mais prolongado que pode ser a estagnação da planta e definhamento progressivo. Agora uma explicação de cada um desses efeitos: Distúrbios imediatos (agudos) – São aqueles distúrbios que de fato ocorrem no momento em que ocorre o frio mais intenso e as geadas e aí pode-se separar 2 tipos mais importantes:
* Queimadura por frio – Ocorre quando o ar está muito frio com muito vento e geralmente o ar mais seco e tempo aberto. Nesse caso as queimaduras ocorrem pelo congelamento dos espaços entre as células dos tecidos das orquídeas terminando com o rompimento das células extravasando seu conteúdo causando aquele sintoma amarronzado a negro lembrando queimaduras e para diferenciar do congelamento total ela ocorre em menor grau e muitas vezes com pequenas lesões que podem ser pequenas manchas ou manchas médias com formato e tonalidade variada, mas geralmente não costuma matar a planta e quando ela é tirada dessa condição ela tende a recuperar; * Congelamento pela geada – esse é o mais grave e pode danificar seriamente a planta levando a morte. No caso a geada branca que cobre a planta de gelo por cima e pode causar problemas precisa de noites muito frias, tempo aberto e bastante umidade no ar e pouco vento, mas a geada negra que causa o pior tipo de congelamento congelando a planta inteira precisa de noites mais secas muito frias e bastante ventilação e quando ocorre esse congelamento pelas geadas aí muitas vezes é uma planta perdida e quando ela descongela os sintomas ficam muito semelhante ao de uma podridão bacteriana, pois os pseudobulbos e folhas ficam empardecidas e moles e podem ficar com cheiro desagradável também por ação de bactérias secundárias que se aproveitam da situação. Distúrbios a longo prazo (crônicos) – Esses são distúrbios que não estão ligados a danos físicos causado pelas queimaduras de frio e congelamento, mas sim por distúrbios fisiológico muitas vezes hormonais que podem causar a estagnação da planta ou mesmo seu definhamento progressivo, muitas vezes irreversível. O principal gatilho desse tipo de distúrbio não é necessariamente a temperatura baixa, mas sim um acúmulo de horas e dias que a planta passa por essa temperatura baixa. Esse problema é mais comum para aquelas plantas tradicionalmente de climas mais quentes e que em seus locais de origem não existem esse clima frio mais intenso ou ele é raro, como é o caso das vandáceas, das Phalaenopsis e da maior parte das Catasetíneas também. Nesse tipo de situação em geral os problemas podem ocorrer quando a temperatura fica abaixo dos 10ºC, mas não significa se tiver uma ou 2 ou mesmo 3 noites com temperaturas abaixo dos 10ºC que a planta terá problema. Não, na verdade para que ela entre em um estado de estagnação ou definhamento é necessário que se tenha um longo período com essas temperaturas muito baixas, geralmente de 2 a mais semanas consecutivas para que elas apresentem os problemas e uma vez que o distúrbio acontece, por exemplo em Vandas elas podem passar meses estagnadas ou até mais de ano, mesmo que depois as condições de clima fiquem mais favoráveis. Felizmente no Brasil essas condições ficam mais restritas a certos locais de serra e alguns pontos do Sul do Brasil, pois na maior parte o frio, mesmo sendo intenso tem um período de curta duração. Agora que já conhecemos os principais problemas que podem ocorrer com o frio intenso e as geadas, vamos ver como podemos nos prevenir contra elas. Como dito antes, a primeira coisa é ficar antenado na previsão do tempo. A segunda coisa é saber quando iniciar as intervenções e para isso vamos entender como que é o comportamento básico das ondas de frio aqui no nosso Brasil. Antes de chegar a onda de frio trazida pelo ar polar sempre vem na frente uma frente fria, ou algum outro sistema que deixa áreas de instabilidades e chuva que pode durar de 1 a alguns dias e depois quando esse tempo passa costuma vir a onda de frio que limpa o tempo e costuma trazer as geadas e frio muito intenso. Uma vez que sabemos desse comportamento a melhor hora de iniciar as intervenções é exatamente o momento em que inicia as chuvas, sabendo que a previsão do tempo já alertou que vem uma onda de frio pesada com riscos de geadas depois da chuva. Existem várias medidas que podemos tomar para prevenir esses problemas, mas o mais eficiente para pequenos colecionadores é retirar as plantas do local de cultivo, caso esse seja um telado ou outros locais no quintal ou varandas e terraços abertos e levar para locais mais secos, aquecidos e protegido do vento frio, como varandas protegidas com janelões, banheiros ou interior de outros cômodos mesmo e nesse período as regas são diminuídas ou mesmo suspendidas e as adubações também até que a o frio mais crítico passe e as plantas possam voltar para o local de cultivo. Em coleções maiores em que levar para dentro de casa seja inviável o melhor a fazer é suspender as regas já quando as chuvas chegam e manter suspensa até que o frio mais crítico e alertas de geada passem. Se possível também pode-se estender por cima das plantas, ou da bancada ou mesmo fechando o local de cultivo o plástico agrícola para que se tente segurar perto das plantas o máximo de calor possível para que evite o congelamento. Pode-se também para quem tem condição após fechar o orquidário com o plástico agrícola fazer um fogo controlado queimando lenha ou mesmo carvão para que se aqueça o local e ainda tem os mini aquecedores e aquecedores mais sofisticados que podem ser usados durante esses dias com riscos de geadas. Passado o risco pode-se remover a proteção e voltar as plantas para o cultivo normal até que venha o próximo alerta.