A grande dificuldade no cultivo de orquídeas é basicamente falta de informação, ou pior que isso, a informação errada.
No inicio com a vontade de ver a planta florindo ou crescendo rapidamente queremos acertar no cultivo, mas se erramos na maioria das vezes podemos perder a planta de vez ou deixá-la anos e anos tentando se recuperar da nossa própria barbeiragem.
Isso é um cenário muito ruim e para evitar isso podemos seguir dicas simples que vão ajudar a manter as plantas saudáveis e florindo todos os anos trazendo alegria e beleza para nossa casa.
Segue abaixo uma lista com 10 dicas infalíveis para você cuidar de sua planta sem prejudica-la:
Dica 1- Conheça a espécie que esta levando para casa.
Quando adquirimos uma orquídea não procuramos saber é se ela tem nome, mas saber o nome da planta é o que vai facilitar na hora de buscar informações sobre ela. Como no mundo todo existe uma infinidade de espécies e híbridos de orquídeas são naturais que existam diferenças no cultivo delas também.
Algumas plantas gostam de mais luz, outras de mais sombra, enquanto outras preferem mais umidade e ainda existem aquelas que necessitam de maior ventilação.
Todas essas necessidades vêm basicamente do clima da região de onde aquela planta é originaria ou no caso de uma planta híbrida, passada pelos pais no cruzamento.
Quando passamos a conhecer mais sobre de onde vem a planta podemos tentar reproduzir isso em nossa casa tornando o cultivo mais fácil e prazeroso.
Dica 2 – Aprenda a aclimatar sua orquídea
Quando adquirimos uma orquídea e levamos para casa, primeiro ela vai se adaptar, pois são plantas dependentes do ambiente e de três fatores básicos encontrados nele: ventilação, iluminação, umidade e ambiente.
Com essa informação fica mais fácil “socializar” essa nova planta na sua “nova casa” se respeitar esse tempo de adaptação que a planta necessita.
É um período em que ela regula a luz que recebe nas folhas e orienta sua direção de crescimento entre outras coisas.
Se além dessa você possui mais plantas por precaução seria indicado deixar essa nova planta separada das demais durante algum tempo, como num período de quarentena ou até que você perceba se ela não possui nenhuma doença ou ainda se no substrato do vaso existam inseto nocivo as orquídeas como caracóis e lesmas.
O normal de qualquer planta é “sentir” um mínimo de estress nessa nova mudança, podendo desidratar levemente os bulbos, mas se as folhas apresentarem desidratação poderá estar acontecendo um problema nas raízes.
O ideal no começo é tomar muito cuidado com a rega dessa nova orquídea e com excesso de umidade do substrato, pois é fatal para apodrecer as raízes e abaixar o pH tornando-o acido rapidamente e favorecendo a proliferação de fungos.
Prefira deixar sua nova orquídea em local fresco e arejado e que não tenha temperaturas extremas nem oscilações bruscas de temperatura e no caso das plantas adquiridas com flor o ideal é que deixe-as primeiramente enfeitando o ambiente de sua casa com pouquíssimas e esporádicas regas até as flores murcharem primeiro antes de coloca-la no cultivo com as outras.
Dica 3 - Saiba a hora certa de replantar.
Se alguém disse a você para replantar sua orquídea recém adquirida não leve isso ao pé da letra e saia arrancando ela do vaso. Tudo que envolve uma orquídea ou qualquer outra planta necessita avaliação exclusiva de quem cultiva e muita paciência e observação, pois são seres vivos e mexer antes da hora pode causar um estress maior além do que ela já tem quando chega a um novo ambiente de sua casa.
Normalmente um novo replantio deve ser feito sempre no inicio do crescimento ou porque o substrato chegou ao limite da durabilidade e esta começando a prejudicar a planta ou porque a planta já esta grande e “saindo fora do vaso”.
As espécie de crescimento monopodial, que crescem apenas para cima, como a espécie Phalaenopsis, o replante só acontece quando o substrato fica velho e com o pH muito baixo (cheiro forte de matéria decompondo e substrato esfarelando na mão são sinais de deterioração.)
Toda espécie de orquídea vegeta em etapas ou ciclos, onde o inicio é a brotação de novas folhas, bulbos e raízes. O final do ciclo vem com a floração e a dormência, que é um período onde a planta se recupera da floração e se prepara reunindo energia para iniciar o novo ciclo.
O tempo de cada ciclo pode ser definido como um ano em média e melhor momento desse período para replantar uma orquídea é sempre no inicio do ciclo onde a planta estará com o crescimento dos novos bulbos e raízes a pleno vapor, conseguindo dessa forma enraizar rápido no novo substrato.
Mexer antes ou depois da hora normalmente não traz um bom resultado. Como na orquidofilia nada é absoluto é sempre necessário criar o bom senso no cultivo, afinal estamos lidando com plantas que são seres vivos e que também sentem as mudanças do ambiente e do que fazemos com elas.
Aprenda que há casos e casos onde quem cultiva é que deve avaliar usando as informações que conseguir sobre a planta adquirida.
Como regra geral para fazer um replante numa nova orquídea adquirida devemos esperar um mínimo de tempo de adaptação da planta na nossa casa após o primeiro mês e se a planta estiver mostrando sinais de atividade como um novo broto ou raízes novas.
É preciso ter em mente que na natureza tudo é relativo por isso não se pode levar em consideração o absoluto e no cultivo de orquídea a observação é chave para saber o que a planta necessita e qual a hora de replantar.
Dica 4 - Muita atenção às regas.
Dada a importância que a água tem nas funções da planta sempre procurei definir a minha rega pelo ambiente que tenho aqui para elas.
Um dos erros mais comuns é deixar de fornecer a umidade necessária às orquídeas, por isso primeiro a gente deve aprender qual a necessidade real que uma planta tem de água e depois baseado nisso definir a periodicidade das regas.
Se o hobby for aumentando é possível montar um sistema de rega com canos de PVC comum e aspersores, obtendo mais qualidade, homogeneidade e exatidão nas regas que é fundamental para manter a hidratação das plantas e a manutenção da umidade no ambiente diminuindo as oscilações muito grandes de temperatura.
Usando a criatividade também é possível ter uma fonte ou um pequeno lago próximo às plantas deixando seu cantinho com cara de beira de rio, onde a umidade noturna faz toda a diferença na hidratação das plantas.
Dica 5 - Crie o ambiente ideal para as orquídeas.
A umidade no ar para uma orquídea vegetar bem é acima de 50%, e se chegar a estar abaixo de 30% as plantas poderão se desidratar rapidamente, o que aliás também ocorre conosco, por isso a umidade do ar deve ser levada a serio no cultivo das orquídeas.
Apesar de não conseguir enxergar a umidade no ar, é ela que vai fazer toda a diferença na beleza e na saúde das plantas. A maioria dos habitats de floresta são locais onde existe bastante umidade noturna que começa com o sereno no fim do dia e vai até o orvalho da manhã quando o sol nasce novamente.
É tanta água disponível que as plantas mais rentes ao chão ficam molhadas mesmo sem ter chovido, então se o ambiente que você tem na sua casa é muito seco, não adianta apenas jogar a água porque o excesso de regas também retira uma parte dos nutrientes da planta “lavando” o substrato e causando outros problemas com o passar do tempo.
Para acertar a umidade ambiente para se cultivar orquídeas em casa, devemos tentar imitar a natureza. No meu orquidário, por exemplo, possuo vasos com outros tipos de plantas como folhagens e bromélias no chão em volta de onde tenho as orquídeas mantendo uma umidade interna do orquidário por mais tempo.
Mesmo que não molhe os vasos das orquídeas, sempre é bom molhar os vasos colocados no chão, pois dessa forma a umidade permanece durante a noite e só vai evaporar no dia seguinte com o aumento da temperatura. Acima das orquídeas, é bom usar o sombrite que diminui a intensidade de luz e a temperatura interna do orquidário.
Existem outras maneiras de aumentar a umidade relativa do ar, como por exemplo uma pequena fonte ou lago artificial próximo as plantas, enfim utilize a criatividade e pratique a observação do meio natural, e crie seu oásis particular.
Dica 6 – Evite aglomerações de plantas.
Apesar de ser benéfico para a umidade ambiente ter uma boa concentração de plantas em seu orquidário, jamais deixe essas plantas muito juntas.
É necessário haver um mínimo espaçamento entre os vasos tanto os pendurados como os que ficam em bancadas porque pode comprometer a ventilação do ambiente e isso traz consequências desastrosas.
A aglomeração de plantas com os vasos encostadas uns nos outros também pode acarretar problemas com insetos nocivos que aproveitam a mínima distancia para se locomoverem melhor e também se esconder melhor.
Além disso, se houver plantas atacadas por fungos a aglomeração dos vasos vai facilitar a contaminação nas plantas próximas com a disseminação de esporos(sementes do fungo) que se espalham para as folhas das outras plantas e depois germinam causando as terríveis pintas pretas.
Evite também ao máximo deixar as plantas no chão, pois além do problema de ventilação insuficiente o risco de ataques por fungos e insetos é maior. Os fungos do solo são os mais agressivos e perigosos para as orquídeas. O ideal é manter as plantas num mínimo de um metro do chão e com um espaçamento razoável entre os vasos para que não encostem um no outro.
Dica 7 - Tenha um controle de pragas preventivo e natural.
Atualmente com a quantidade de grupos de assuntos relacionados as orquídeas que existem nas redes sociais a propagação de informações sobre maneiras caseiras de se lidar com insetos nocivos e fungos aumentou muito.
Acredito que muitas pessoas como eu aprenderam boas dicas de combate as pragas e doenças sem a necessidade de usar venenos, usando apenas receitas caseiras com pimenta, alho, canela, e produtos naturais como o óleo de neem e uma gama de outros produtos repelentes e inseticidas naturais que não trazem risco as plantas, nem animais, nem nós humanos, e são muito eficientes.
Orquídeas são plantas muito resistentes, mas fora de uma floresta pode ficar vulneráveis se o ambiente for ruim. O grande risco real para que uma planta seja atacada por uma praga ou contaminada por um fungo é estar em ambiente inadequado.
Além disso, quando vamos cultivar muitas plantas juntas devemos seguir alguns procedimentos para prevenir a propagação de fungos e insetos nocivos entre as plantas nesse ambiente.
Sempre mantendo uma boa higiene em vasos, substratos e instrumentos de corte, esterilizando tudo antes de usar em uma orquídea.
Muita atenção à limpeza das mãos antes de tocar nas plantas, pois nós somos os grandes vetores de fungos, vírus e bactérias.
Fatores como excesso de umidade nas raízes, sombreamento excessivo, desnutrição ou ainda falta de ventilação e luz para a fotossíntese são grandes vilões para as orquídeas atraindo variados problemas que sempre vão insistir em aparecer independente do que usa para combater e prevenir.
Observar e perceber o que realmente desencadeia as situação consideradas ruins para as orquídeas e corrigir é fundamental para evitar que isso aconteça e o grande segredo de se cultivar orquídeas. As praticas menos invasivas e simples são as que dão mais resultado e mais fáceis com certeza.
Dica 8 - Alimente suas plantas
Todo ser vivo precisa de alimento e as plantas que cultivamos em casa também. Antes de ser adquirida toda orquídea recebe sua nutrição para poder crescer, florir e ficar atrativa para ser vendida, e se não receber mais os nutrientes que estava acostumada vai se desenvolver mais lentamente e sem o mesmo vigor, além de ficar vulnerável a pragas e doenças.
Os nutrientes minerais essenciais para uma orquídea são 13 divididos em macro e micronutrientes: Nitrogênio, fósforo, potássio (NPK). cálcio, magnésio, enxofre são os macronutrientes e boro, manganês, ferro, molibdênio, zinco, cobre e cloro são os micronutrientes.
O ar, a água e a luz são responsáveis por fornecer a uma planta oxigênio, hidrogênio e carbono que compõe 90% da composição vegetal e os outros 10% são os minerais que fornecemos através da adubação. Se a planta não receber os nutrientes minerais terá dificuldades de florescer e também de crescer plenamente.
Atualmente existem adubos químicos, orgânicos e organominerais que são usados para fornecer esses minerais às plantas. Antes de decidir qual adubo usar é preciso saber como ele nutre a planta e se vai conseguir fornecer tudo que ela precisa. Todo nutriente mineral é fundamental, mesmo aqueles que a planta necessita em menor quantidade.
O uso de variados tipos de adubos com formulações parecidas com o passar do tempo causam um efeito contrario nas plantas, como, por exemplo, flores defeituosas e brotos mal formados.
Como as orquídeas possuem reservas, uma deficiência pode demorar a se apresentar se você não forneceu os nutrientes de forma correta para as plantas.
O grande segredo na adubação é entender que na nutrição das plantas os excessos são prejudiciais e as faltas também. Equilibrar é fundamental.
O uso de vitaminas, como a tiamina (complexo B), por exemplo, é indicado para tentar ajudar a planta a enraizar e brotar novamente e seu uso não serve como nutrição pois com o tempo também acaba causando um efeito contrario na planta que deixa de sintetizar as substancias que precisa podendo entrar em colapso.
Uma orquídea consegue sintetizar qualquer substancia que necessite para emitir raízes e brotos com ótima saúde e com suas defesas em dia se receber todos os nutrientes que necessita.
Dica 9 – Escolha corretamente vasos e substratos para o cultivo na sua casa
Antigamente não se conhecia mais opções de substratos para o cultivo de orquídeas pois se dependia quase que exclusivamente do xaxim que hoje corre risco de extinção e não pode ser mais comercializado.
Isso fez com que novos materiais fossem sendo testados, principalmente os de descarte da agroindústria como a casca de macadâmia e o chips de coco.
A finalidade do substrato é servir de apoio a planta de maneira que as raízes possam se fixar e permanecer firmes sem compactação, além de reter umidade permitindo a circulação de ar e a retenção de nutrientes provenientes da adubação.
Hoje em dia a opção tanto de tipos de vasos para cultivo como também de substratos facilitou e muito o cultivo de orquídea em qualquer parte do nosso país. Dependendo da região e do clima podemos escolher usar um substrato que acumule mais umidade ou não.
O segredo dessa escolha é conhecer as necessidades das plantas que você tem em casa e também as particularidades do clima da sua região e relação a umidade ambiente. Quando temos uma boa quantidade de plantas utilizar o mesmo tipo de vaso e substrato ajuda na definição das regas, pois o tempo de secagem acaba sendo igual para todos os vasos.
Como existem muitas espécies de orquídeas talvez essa não seja uma tarefa fácil, mas com o tempo e criatividade é possível encontrar soluções para isso.
Quanto mais homogêneo for o seu cultivo, mais fácil para você cuidar das plantas. Normalmente quando iniciamos no cultivo de orquídeas costumamos sair adquirindo mais pela beleza da planta e flores do que por suas particularidades de cultivo como, por exemplo, o clima de origem que o exemplar está acostumado a vegetar.
Isso pode atrapalhar a adaptação da planta e fazer com que vá definhando aos poucos confundindo o cultivador e dando a impressão que a planta é frágil. (Isso não é verdade, pois se nos fôssemos colocados num local onde não sobreviveríamos, morreríamos antes que uma orquídea).
Uma espécie de orquídea pode resistir por meses e até por anos em um ambiente ruim e é preciso estar atento para perceber isso e corrigir antes que seja tarde e a planta morra.
Eu por exemplo cultivo espécies variadas de clima tropical e prefiro usar o vaso cerâmico para quase todas. O que muda para algumas espécies mais exigentes, é o uso de tronquinhos e cascas de madeira tornando o cultivo mais natural. Para aquelas que preferem mais umidade nas raízes utilizo o vaso plástico e separo dentro do orquidário para facilitar a rega.
Tenha em mente que na orquidofilia nada é absoluto, e o sucesso do cultivo vai depender da sua observação e conhecimento sobre as suas plantas.
Dica 10 – Cuidado com os excessos.
As orquídeas são plantas perenes, que vegetam lentamente ao longo de um ano inteiro para poder florir e por esse motivo qualquer erro pode custar meses, anos e até mesmo não ter volta e o exemplar morrer.
Uma orquídea vegeta no mesmo sistema que os cactos vegetam, pois dessa forma podem economizar seus recursos garantindo sua vida mesmo em épocas de estiagem.
Naturalmente não existe uma maneira de acelerar esses processos fisiológicos das plantas a não ser praticando um cultivo correto fornecendo tudo o que ela precisa em um ambiente com clima adaptado para elas.
Caso o ambiente de cultivo seja inadequado as orquídeas terão mais dificuldade em conseguir recursos e vão vegetar mais devagar ainda. Tentar acelerar esses processos na planta, na maioria das vezes não acaba bem. Ou a planta fica debilitada ou desregulada ou na pior das hipóteses a planta morre.
Cuidado com receitas mirabolantes pois uma orquídea é um ser vivo e pode ser prejudicado por você se não houver critério nem conhecimento sobre o resultado do que está fazendo.
No inicio qualquer pessoa que se encanta pelas orquídeas deve prestar atenção a sua própria ansiedade porque é o que mais prejudica as plantas. Mexer antes da hora pode ser mais prejudicial do que não fazer nada.
Quando adquirimos uma nova planta na maioria das vezes ela está enraizada e adaptada ao vaso e substrato em que veio e não tem necessidade de ser replantada imediatamente.
O que a maioria das pessoas se esquecem ou não sabem é que uma orquídea depois de ser tirada de um ambiente (floricultura por exemplo) e levada para outro, primeiro vai precisar se adaptar a esse novo local para depois estar apta a ser replantada ou dividida.
Saber observar os detalhes como a saúde das raízes e folhas e também se a planta carrega pragas ou doenças antes de finalizar a compra é o mínimo que podemos fazer para evitar ter problemas com uma orquídea depois que a levamos para casa.
Orquídea é um ser vivo como nos, mas com necessidades diferentes. O mesmo que detestamos para nos também pode ser ruim para uma planta, pense nisso antes de sair mexendo na planta na hora errada e sem tomar as devidas precauções como esterilizar os instrumentos de uso e corte.
Estas dicas e práticas podem ser adotadas para minimizar os erros no cultivo e ajudar a entender as necessidades reais que uma orquídea tem para poder vegetar com saúde e proporcionar muitas flores.
As orquídeas são plantas que quando entram na vida de uma pessoa tem a capacidade de mostrar sempre de forma positiva como é possível sermos cada vez mais otimistas em relação à vida, sabendo respeitar cada período dela e aproveitando o que ela tem de melhor sem desistir dos nossos sonhos e aprendendo a conviver em sociedade de forma ativa e feliz.