No Paisagismo, a beleza é percebida pelos sentidos: formas, cores, texturas, frutas, sucos, chás, murmúrio das águas, perfume das flores e os cantos dos pássaros. Esta é a maneira da natureza arrebatar as pessoas levando-as ao êxtase. Transcender as dificuldades trazendo para a execução as facilidades e destrezas com a sensibilidade da inspiração a harmonia em um espaço é um dos objetivos ao se projetar um jardim.
É preciso se procurar novos caminhos no paisagismo, apresentando e valorizando nossas belas e maravilhosas plantas nativas. É estarrecedora a notícia que um exemplar nativo do Brasil tem imenso sucesso de procura e venda no exterior e no seu país de origem é uma ilustre desconhecida… Alguém já ouviu falar ou conhece a Chrysothemis Pulchella ou Begônia Negra? Esta maravilha é nativa da Amazônia e faz um estrondoso sucesso no exterior com o nome de Black Flamingo, Copper Leaf, Sunset Bells e outros mais. A sua procura é tão intensa que alguns Garden Centers têm lista de espera.
Se faz mister o paisagismo se reinventar. Temos em nossas matas tantas arvores frutíferas que podem compor os mais belos jardins. Podemos citar a Cagaita, a Pitanga, o Murici, o Baru, o Licuri, o Jerivá, a Jabuticaba, dentre outras tantas. Por que valorizar um exemplar alienígena pagando altas somas, onde podemos por preços mais modestos adquirir um exemplar nativo? De que vale um jardim sem pássaros e flores? A utilização de árvores frutíferas atrai pássaros, borboletas e pequenos mamíferos. E faz a alegria da criançada.
Quem não se lembra de uma fruta de sua infância? Aquele pequeno coco de polpa adocicada do Jerivá, as bagas negras da Jabuticaba ou os pequenos frutos do Araçá Piranga ou da Guabiroba?
O perfume das flores que nos arrebata os sentidos, transportando-nos a outras dimensões… Cada uma das diferentes espécies de frutíferas do Cerrado possui uma ou mais características que podem ser exploradas na ornamentação de quintais e jardins.
A Cagaita, por exemplo, apresenta nos meses de agosto e setembro floração exuberante, na cor branca, o que faz lembrar a espécie ornamental Neve-da-Montanha. A frutificação ocorre nos meses de dezembro e janeiro. O fruto, amarelo, tem o tamanho de uma bola de tênis de mesa e pode ser aproveitado para o consumo in-natura, sucos e sorvetes.
De abril a junho, os Muricizeiros dão um tom amarelado aos cerrados do Brasil Central. Parentes da Pitanga (família Malpighiaceae) produzem um fruto arredondado, de coloração amarelada alaranjada, perfume e sabor bastante acentuados.
Cultivar frutíferas nativas é uma maneira de preservar a flora e manter viva a tradição regional, com o privilégio de degustar seus frutos e contemplar a qualquer momento alguns exemplares do patrimônio vegetal que beira o risco de extinção. Os frutos atraem grande quantidade de pássaros, borboletas e pequenos mamíferos. Ter um jardim cheio de vida é o melhor contato com a natureza.
Acordar com o canto dos pássaros, o perfume das flores e o relaxante murmúrio das águas. Esse é o verdadeiro sentimento da paz interior, da purificação do espírito e certeza de ter um bom dia onde nada irá lhe causar stress.
Apelo ao bom senso de cada um para que procuremos valorizar e preservar as nossas riquezas naturais.