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orquidea phaius

As orquídeas dos afloramentos rochosos têm a difícil tarefa de se manterem vivas e se reproduzirem nesse hostil ambiente. A oscilação de temperatura e o ambiente aparentemente sem condições para nutri-las são alguns dos fatores que limitam muitas espécies a se adaptarem nas rochas, porém aquelas que se aventuram e resistem a todas as barreiras naturais se tornam verdadeiras dominadoras dessas paisagens.

Alguns gêneros são facilmente percebidos em muitos afloramentos rochosos, isso porque criaram mecanismos para aproveitar qualquer oportunidade do ambiente que seja favorável ao seu pleno desenvolvimento. A reciclagem da biomassa é muito notada nestes biomas, onde toda matéria orgânica se transforma em substrato para as plantas que necessitam de um solo mínimo para o enraizamento. Por outro lado, nas rochas, vemos também muitos vegetais que simplesmente “caminham” pela rocha nua e não se sentem limitados, estes já se encontram no ápice da evolução e por isso conseguem viver em tais condições.

Em contrapartida, estas plantas estão apropriadamente adaptadas, contudo, são extremamente dependentes dos afloramentos rochosos e raramente respondem bem ao cultivo doméstico, pois os cultivadores não são capazes de oferecer um local e condições ideais para seu pleno desenvolvimento.

Cada espécie responde de forma diferente a um mesmo ambiente e por isso observamos verdadeiros mosaicos na vegetação, onde a heterogeneidade e a harmonia das espécies resultam em verdadeiros jardins rústicos. A convivência entre as muitas famílias botânicas e as diferenças entre elas nos revelam que esses ambientes vem sendo povoados por vários períodos, sendo que as espécies mais evoluídas foram se sobrepondo àquelas menos adaptadas, resultando numa seleção natural.

Orquídeas, bromélias, cactos e vellozias são algumas das famílias botânicas que atualmente estão melhor representadas nos afloramentos rochosos, havendo uma grande diversidade de espécies. Essas plantas são dependentes umas das outras, pois juntas formam ilhas de vegetação e dão oportunidade para que outras espécies se desenvolvam dentro daquele ambiente mais favoravelmente.

É fácil perceber que muitas plantas não resistiriam a viver em locais que aparentemente não sustentam a vida, como é o caso dos afloramentos rochosos. A alta insolação, a escassez de umidade por um longo período, as altas temperaturas durante o dia e oposição a alta umidade e baixas temperaturas durante a noite são alguns dos fatores que podemos citar, mas esses vegetais resistiram e agora povoam esses ambientes.

Muitas espécies de orquídeas desenvolveram mecanismos para resistir às barreiras naturais, possibilitando que elas possam sobreviver por um grande período de estio, pois os ambientes em que elas se desenvolvem não se caracterizam pela retenção de água suficiente. Tais mecanismos são órgãos que podem armazenar água e nutrientes por um longo período de escassez, geralmente são folhas e pseudobulbos carnosos e suculentos responsáveis pela manutenção da vida desta família botânica. Além disso, as orquídeas ativam, mais intensamente, o metabolismo durante o período da noite, já que o sol e o calor fariam com que elas transpirassem muito e perderiam, desta forma, líquidos preciosos durante o dia.

As raízes vão em busca de água e nutrientes na rocha ou nas camadas finas de terra que se acumulam sobre ela, muitas vezes elas ficam protegidas pela camada de musgo e líquen que se estabelecem sobre a pedra e deles também elas recebem sais oriundos das rochas, que já estão parcialmente dissolvidos.

Assim como outras plantas, as orquídeas que vivem nas rochas apresentam poucas folhas, pois assim elas economizam água através da baixa taxa de transpiração. O desenho das folhas pode variar, mas normalmente elas serão pequenas e rígidas. Certas orquídeas perdem as folhas por um período, e apenas voltam a apresentar novas folhas quando há uma nova brotação. As orquídeas terrestres possuem este mecanismo e também deixam suas raízes, rizomas e tubérculos enterrados sobre a proteção da matéria orgânica.

Já os pseudobulbos têm a maior importância para a sobrevivência das orquídeas em ambientes rochosos, pois é ele que armazena a maior quantidade de seiva para a planta e todas as energias necessárias para que ela tenha seu desenvolvimento saudável e natural, é ele que vai sustentar uma nova brotação, as folhas e as flores.

Sabe-se que cada ser vivo precisa lutar de todas as maneiras para a sua sobrevivência e perpetuar a própria espécie. As orquídeas e todas as outras formas de vida que existem nesse ambiente estão travando essa batalha pela vida a todo instante, criando uma forte dependência a essas condições.

Com esse exemplo natural podemos também passar a ver nosso mundo com mais atenção, pois também temos que nos adaptar a viver, a cada dia, em um mundo cada vez mais degradado pela própria ação humana. Com esta degradação do ambiente, estamos diminuindo as oportunidades de manutenção da vida dos seres vivos com os quais convivemos, além de não estarmos garantindo a sobrevivência das futuras gerações da nossa própria espécie.

É nesse grandioso mundo, tão forte e mágico, ao mesmo tempo tão vulnerável, no qual sentimos a grandeza da criação de Deus e onde temos a impressão de que a terra toca os céus, que vegetam também belas bromélias, dentre elas a Alcantarea vasconcelosiana, encontrada somente na região de Minas Geras.

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