A propagação assexuada é utilizada para produzir uma planta genotipicamente igual à planta mãe, sendo a estaquia o método mais importante e utilizado para a reprodução de muitas espécies ornamentais e algumas frutíferas.
As estacas podem ser produzidas de porções vegetativas de caules, caules modificados (rizomas, tubérculos, bulbos), folhas ou raízes. As estacas provenientes de caules têm a vantagem de sua fácil obtenção e mais disponibilidade de material.
No entanto, para se obter sucesso através da reprodução por estaquia, muitos aspectos devem ser considerados.
As estacas devem ser provenientes de ramos terminais, de maturação recente, de plantas sadias e vigorosas. Não recomendando, portanto, usar plantas com deficiência em nutrientes ou atacadas por pragas e insetos ou pulverizadas recentemente com óleo.
As estacas devem possuir, se possível, duas folhas cortadas ao meio e no mínimo duas gemas, sendo o corte superior realizado acima de uma gema e o inferior logo abaixo de outra gema.
O ideal é retirar os ramos nas primeiras horas da manhã ou à noite, período no qual a planta não se encontra com deficiência hídrica, o que ameniza o problema de morte das estacas pela hidratação. Após a coleta, os ramos devem ser acondicionados em sacos de polietileno (plástico), pulverizando-os com água, até o momento da confecção das estacas.
As estacas podem ser cultivadas em vários tipos de substratos como a vermiculita, areia, perlite, serragem de madeira, palha de arroz, casca de troncos de árvores, terra e ainda pode-se usar a combinação de dois ou mais substratos em diferentes proporções, não havendo diferenças entre os substratos citados.
O ambiente ideal para cultivo é um local de alta umidade, luminosidade mediana e temperaturas não elevadas, entre 15 e 25ºC. O importante é a manutenção da umidade. Pode-se criar o ambiente com o uso de cobertura de polietileno ou ripado, que são métodos mais simples porém menos eficientes. O melhor seria a construção de uma câmara de nebulização totalmente fechada com polietileno, ou com a laterais abertas, onde equipamentos de nebulização aspergem água na forma de névoa, mantendo alta a umidade do local.
As Estações do Ano também influenciam sobre o enraizamento de estacas devido às fases de crescimento da planta. A melhor época para coleta de ramos é na estação mais quente e chuvosa, existindo dois períodos ótimos para coleta que são um no início da Primavera e outro no Verão. Há poucas espécies que conseguem se propagar no Inverno pois a planta está em dormência.
As folhas são consideradas como fonte de auxinas e nutrientes necessários à formação das raízes nas estacas. Através da análise química da base das estacas, onde se verificou alto conteúdo de açúcares e nitrogênio solúvel e insolúvel, conclui-se que o efeito principal das folhas no processo de formação das raízes se dá através do fornecimento de fatores nutricionais à base das estacas.
As folhas adultas servem como órgão de assimilação e reserva de carboidratos, os quais são cruciais para o sucesso do enraizamento. A preservação das folhas garante a sobrevivência das estacas, tanto pela síntese de carboidratos através da fotossíntese, como pelo fornecimento de auxinas e outras substâncias que são importantes no processo de formação de raízes, estimulando a atividade de troca e a diferenciação celular.
O período de 48 horas de ação dos auxinas culmina com a divisão celular, coincidindo com o período em que a presença das folhas é essencial para boa resposta de enraizamento das estacas. A dessecação das folhas pode afetar a formação das raízes nas estacas e a prevenção da morte das folhas pode aumentar significativamente o crescimento e o desenvolvimento do sistema radicular.
A iniciação de raízes adventícias em estacas é dependente das auxinas, carboidratos e substâncias nitrogenadas, bem como outros fatores de crescimento e sinérgicos das auxinas, os quais são fornecidos pelas folhas e se acumulam na zona de regeneração de raízes.
A relação existente entre auxinas e carboidratos no desenvolvimento de raízes parece complexo, entretanto a auxina pode influenciar diretamente na acumulação basal de carboidratos, bem como no aumento da sua concentração, condições que induzem o enraizamento.
Os carboidratos em si não aumentam a resposta de enraizamento, mas são fonte de energia e carbono para a síntese de outras substâncias para a formação de raízes. A disponibilidade de carboidratos nas estacas é provavelmente o fator que determina o potencial de enraizamento nas estacas.
O conteúdo de amido nas estacas durante o Inverno (dormência) é alto, apresentando baixo enraizamento devido à concentração endógena inadequada de auxinas, não permitindo a mobilização do amido. Já na Primavera e Verão onde ocorre um aumento do enraizamento, há baixo conteúdo de amido favorecendo a concentração de auxinas endógenas, que estão ligadas à mobilização do amido relacionada ao crescimento da atividade das enzimas hidrolíticas.
Existe uma relação positiva entre o acúmulo de amido próximo à gema no ramo e a capacidade de enraizamento em estacas. A iniciação radicular ocorre em áreas ricas em amido e regiões pouco diferenciadas, bem como em regiões com alto nível de auxinas endógenas.
No enraizamento há pronunciado aumento de açúcares e diminuição na concentração de amido nas estacas, formando sacarose, frutose, glicose e sorbitol. É fato que a ação das auxinas requer a presença de ácidos nucleicos e protéinas.
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