Árvore nativa do Brasil, o Guanandi foi a primeira espécie a receber o título de “madeira de lei” no país, em 1835, ainda na época do Império. Naqueles tempos, já despertava interesse de fabricantes de navios, impressionados com a resistência e o formato reto de seu tronco.
Tanto é que o Guanandi, por não apodrecer em contato com a água, foi amplamente utilizado na construção da frota naval da Coroa portuguesa.
O nome científico, Calophyllum brasiliense, quer dizer “folha bonita do Brasil”. Mas o Guanandi também é conhecido por Santa Maria, Cedro-do-Pântano e Cedro-Mangue. Na região amazônica, é chamado de Jacareúba.
Encontrado da região sul do Brasil até o México, o Guanandi atinge altura entre 15 e 40 metros, e diâmetro entre 30 e 150 centímetros. Sua cor varia entre o castanho e o begerosado.
Por essas características, é considerado o substituto ideal do mogno para a fabricação de móveis.
Finalidades do Guanandi
O Guanandi tem as mais variadas aplicações. Versatilidade que a torna ainda mais valorizada.
Usos da espécie
A madeira do Guanandi apresenta múltiplos usos, desde a construção civil e fluvial até a marcenaria, compensados, papel e barris para vinho. A casca produz uma resina amarelada, chamada de “bálsamo de landim”, cujo emprego medicinal necessita de estudos. A árvore do Guanandi vem sendo usada na recomposição de matas ciliares e o seu emprego no paisagismo e arborização urbana precisa ser avaliado, devido à possibilidade de irritação cutânea em pessoas provocada pela resina.
Descrição Botânica
O Guanandi é uma árvore de grande porte, que pode atingir altura entre 15 e 50m e diâmetro à altura do peito entre 30 e 180 cm. O fuste é ereto e cilíndrico e a copa é piramidal a ovóide. A casca, de coloração parda, é fissurada fusiforme, dura, aromática, amargosa e ácida. As folhas são decussadas, pecioladas, simples, inteiras, elípticas, oblongas ou oblongas-lanceoladas, brilhantes em ambas as faces, sem cera, coriáceas, glabras ou esparsamente pubérulas com pêlos claros; a base é emarginada ou cuneada; o ápice é agudo, obtuso ou arredondado; as nervuras laterais são numerosas, paralelas, muito próximas entre si e proeminentes em ambas as faces.
As plantas são andromonóicas. As inflorescências são racemosas ou compostas de ramos curtos, com 2-10 flores axilares ou terminais; os pedicelos medem entre 2 e 5 mm; as flores têm pétalas reflexas de coloração creme-amarelada, com estames numerosos nas flores masculinas e poucos nas hermafroditas; as anteras são oblongas; o ovário súpero unilocular é ovóide nas flores hermafroditas; o estilete é curto; o estigma é obtuso.
Os frutos são globosos, ovóides ou elipsóides, classificados por muitos como uma drupa e por outros como um bacáceo, com 2,5-3cm de diâmetro; o epicarpo coriáceo apresenta coloração verde, verde-clara a verde-amarelada; o mesocarpo carnoso de coloração amarelada possui abundante látex da mesma coloração; o endocarpo é delgado; cada fruto contém geralmente 1 semente.
A semente do guanandi é globosa, ovóide ou esférica, medindo cerca de 1,0-2,5 cm de comprimento e 1,4-2,2 cm de diâmetro; a superfície é castanho-clara, fosca, densa, dura, glabra e rugosa, por causa de saliências resinosas; os cotilédones são carnosos. A plântula (muda) apresenta caulículo glabro, rugoso e coloração verde-escura; as folhas são decussadas, curto pecioladas, simples, agudo-lanceoladas e glabras.
Ecologia
O Guanandi ocorre do México até a América do Sul tropical, desde o nível do mar até 1500 m de altitude, em locais com precipitação média anual entre 1100 e 4000 mm e temperatura média anual entre 15ºC e 28ºC. No Brasil, é encontrada na Amazônia, no Cerrado e na Mata Atlântica, desde o Estado do Amazonas até Santa Catarina. Na Amazônia, é freqüente nas várzeas e igapós.
Nos cerrados, habita as matas de galeria. Cresce bem em solos aluviais, argilosos, sílico-argilosos ou arenosos, ácidos (pH 4,5-6,0), e apresenta excelente adaptação tanto a ambientes encharcados quanto a locais secos.
Floração e Frutificação
Os eventos reprodutivos do guanandi são anuais e a frutificação pode ser observada a partir dos 5 anos de idade. Na Amazônia, geralmente, floresce no primeiro semestre e frutifica no segundo semestre do ano. Em Curuá-Una (PA), observou-se a floração do guanandi entre março e abril e a frutificação entre maio e junho. A dispersão dos frutos se dá, principalmente, por morcegos.
Obtenção de Sementes
Os frutos do guanandi podem ser coletados diretamente no chão ou nas árvores, quando apresentarem coloração verde-amarelada e iniciarem a queda espontânea. O transporte dos frutos é realizado em sacos de ráfia para evitar excesso de umidade, aquecimento e proliferação de microrganismos. Um quilograma de frutos de guanandi com casca possui cerca de 150-200 sementes. Sem a casca, sobe para entre 450 e 600 sementes.
Beneficiamento
Os frutos do guanandi devem ser secados à sombra por 1 dia. A extração manual consiste no esmagamento dos frutos, visando o rompimento do epicarpo e retirada das sementes. Em seguida, o mesocarpo deve ser raspado com uma faca e as sementes lavadas em água corrente. O teor de água de sementes frescas varia em torno de 60%, 1000 sementes pesam cerca de 1800 a 2200 g e 1kg de sementes pode conter de 450 a 600 unidades.
Armazenamento das Sementes
As sementes recém-colhidas de guanandi possuem conteúdo de umidade elevado e o seu comportamento no armazenamento é provavelmente recalcitrante, mas os resultados ainda não são conclusivos. Estudos preliminares indicaram que as sementes são sensíveis a 5°C. Assim, recomenda-se que o grau de umidade das sementes seja mantido acima de 25% e que o armazenamento seja realizado em temperaturas superiores a 15ºC, por até 8 meses. Suas propriedades naturais chamam a atenção inclusive de fabricantes de cosméticos, e até de pesquisadores que estudam a utilização da planta para a fabricação de biodiesel.
A indústria naval é uma das principais consumidoras dessa espécie nobre. Isso porque sua madeira é imputrescível, ou seja, extremamente resistente aos efeitos da água doce ou salgada.
Além disso, é empregado em larga escala pela indústria de móveis finos, dando origem a portas e batentes. De suas lâminas é extraída a matéria-prima para assoalhos e carpetes de madeira. Cabos de ferramentas, instrumentos musicais e até barris de vinho também podem ser confeccionados a partir dessa genuína árvore nacional.
Vantagens do Guanandi
Por ser uma árvore de tipo nobre, a valorização do Guanandi só tende a crescer. Suas características naturais, como durabilidade e coloração, fazem dele o substituto ideal do mogno no exigente mercado de madeira de alto padrão.
Até o começo deste novo século, o mogno era a madeira mais cobiçada pela fina indústria moveleira. Porém, a extração ilegal e predatória dessa árvore forçou o governo a criar uma legislação extremamente rígida para protegê-la, o que praticamente inviabilizou seu comércio em âmbito nacional e internacional. Uma praga de difícil cura que assola a planta em todo o planeta também atrapalha o investimento nesse tipo de madeira. Por outro lado, o cultivo do Guanandi está sujeito a menores dificuldades operacionais, a custos mais baixos e a exigências legais mais acessíveis.
Outra espécie bastante utilizada pela indústria moveleira é o eucalipto. Porém, ela apresenta um valor de mercado até 30 vezes inferior ao do Guanandi. A qualidade material das toras dessa árvore, que não pode ser considerada madeira nobre, é bastante inferior à do Guanandi, principalmente para a fabricação de móveis finos.
Alta qualidade e elevado valor de mercado constituem os principais diferenciais do Guanandi.
Identificação
Família: Clusiaceae.
Nomes vulgares: jacareúba, cedro-do-pântano, guanandi, guanandi-cedro, guanandi-carvalho, guanandi-landium, guanandi-piolho, guanandi-rosa, landi, landim, landium, olandi, olandim, entre outros.
Espécie relacionada de maior interesse:
Calophyllum angulare é uma espécie muito semelhante a C. brasiliense, mas diferencia-se desta pela inflorescência (densamente pubérula com pêlos marrons) e pela face adaxial das folhas (cerosa e com nervuras laterais imersas). Ocorre em solos de terra firme na região amazônica.
Germinação das sementes
As sementes do guanandi são fotoblásticas neutras e não apresentam dormência, mas é aconselhável a imersão em água por 24 horas, antes da semeadura, para garantir uma germinação mais uniforme. Podem ser semeadas em sacos plásticos (7cm x 25cm), em tubetes ou em canteiros contendo substrato organo-argiloso e, em seguida, cobertas com 1 cm do substrato peneirado.
A germinação é hipógea e criptocotiledonar. O período de germinação está compreendido entre 15 e 60 dias, com porcentagem média de 75-96%. A repicagem pode ser feita 1 semana após a emergência das plântulas. Em laboratório, a germinação pode ser conduzida em substrato areia e sob temperatura de 25°C.
Sunday, 16. January 2011
Como faco para diferenciar o guanandi-cedro do guanandi-piolho, ja que as duas especies ocorrem no brasil, mas a madeira do guanandi piolho e porosa e assim sendo possui um baixo valor comercial?
Saturday, 19. February 2011
Fantastico este site. Possuo uma pequena propriedade rural, onde pretendo plantão milhares de mudas de guanandi rosa. Minha propriedade situa-se no município dee BOTUCATU/SP, pródiga em água, entretanto, cercada de EUCALIPTOS ( Duratex //Eucatex). MInha dúvida: o guanandi se adpata a plantações vizinhas de eucaliptos? Pretendo, ainda, cercar toda propriedade com SANSÃO DO CAMPO. O Guanandi suporta tal vizinho? Aguardo resposta. Obrigado. TORRES
Tuesday, 15. March 2011
gostaria de saber qual o espacamento entre as mudas de guanandi e se apos o primeiro corte das arvores inicia uma nova plantacao ou o guanandi brota formando novamente? aguardo resposta obrigado. ricardo
Monday, 25. April 2011
Amei as expicações! Pena eu, (e a maioria das pessoas) não entender esse vocabulário (botaniquês) tão específico. Gostaria de sugerir que se fizesse links para esses termos, assim como há em sites tipo Wikipédia. Vcs estão de parabéns por este trabalho de conscientização. Quiçá mais pessoas visitem essa página. Voces enriqueceram o meu dia! Deus os abençoe!