Escolha do local: Sombra no verão e sol no inverno
A decomposição da matéria orgânica pelos microrganismos gera calor. A temperatura do sistema depende do balanço entre o calor produzido e o calor perdido para o exterior. A temperatura é um fator determinante no processo, uma vez que diferentes temperaturas promovem o desenvolvimento de diferentes comunidades microbianas. Além disso, a maioria dos microrganismos não sobrevive a temperaturas superiores a 70ºC o que faz com que a decomposição seja muito lenta a temperaturas superiores.
A taxa de decomposição é máxima a temperaturas entre 45ºC e 55ºC; no entanto, é necessário que durante o processo se atinjam temperaturas superiores para assegurar a higienização.
É importante que a temperatura que se obtém seja provocada pela atividade microbiana e não pelo calor do sol.
De modo a controlar a temperatura, devemos escolher um local para o compostor que não deixe cozer os microrganismos no verão nem congelá-los no inverno. Se colocarmos o compostor debaixo de uma árvore de folha caduca, teremos sombra no verão e sol no inverno, é a situação ideal.
O papel da temperatura:
É possível encontrar uma grande variedade de microrganismos aeróbios mesofílicos, termotolerantes e termofílicos num sistema de compostagem em diferentes fases do processo. Estes microrganismos incluem bactérias, actinomicetes, leveduras, bolores e outros fungos. Mantendo-se condições aeróbias, a temperatura é o fator determinante para a população microbiana durante a compostagem.
As bactérias e fungos mesofílicos e termotolerantes dominam as primeiras fases do processo- temperaturas de 20 a 40 ºC. Nesta fase ocorre a degradação de compostos de carbono mais simples (açúcares solúveis, ácidos orgânicos, etc.), provocando um aumento de temperatura. Este aumento de temperatura até 40-60 ºC devido à atividade microbiana promove o desenvolvimento de bactérias termofílicas/termotolerantes, actinomicetes e fungos, ao mesmo tempo que inactiva os microrganismos mesofílicos. Temperaturas superiores a 60 ºC reduzem consideravelmente a população microbiana, permitindo apenas o desenvolvimento de algumas bactérias termofílicas.
Nesta fase, a fração orgânica dos resíduos é quase totalmente degradada, com exceção parcial da celulose e lenhina, devido à sua estabilidade estrutural e à dificuldade da sua hidrólise, só possível por microrganismos muito específicos. Após a degradação dos compostos mais simples há um decréscimo de temperatura, que provoca um repovoamento do material a compostar. Nesta fase, a diversidade de bactérias é muito pequena, sendo os actinomicetes mesofílicos/termotolerantes e os fungos os microrganismos mais encontrados. Compostos como lenhina, hemicelulose, celulose, amido e outros polímeros são decompostos pela ação destes microrganismos.
Preparar o fundo: Boa drenagem
No início do processo é importante que haja fornecimento de ar à mistura. Para garantir a presença de oxigênio, basta colocar uma camada de ramos ou galhos no fundo do compostor de modo a não permitir a compactação dos resíduos e a permitir a circulação de ar de baixo para cima.
Mistura de materiais: Verdes e castanhos
A compostagem é um processo biológico sendo por isso necessário criar as condições corretas para o seu crescimento, em particular, satisfazer os seus requisitos nutricionais. Os microrganismos utilizam cerca de trinta vezes mais carbono do que azoto sendo este valor frequentemente encontrado na literatura como o recomendado no início do processo. No caso de os substratos a degradar conterem muitos compostos complexos, como celulose e lenhina e alguns polímeros orgânicos, é aconselhável que a razão C/N inicial seja superior a 30:1 – 40:1 porque uma parte considerável do carbono não está disponível nas primeiras fases do processo.
No caso de esta razão ser muito superior a 30:1, o crescimento dos microrganismos é atrasado pela falta de azoto e consequentemente a degradação dos compostos é mais demorada. Se, pelo contrário, a razão C/N for muito baixa, o excesso de azoto acelera o processo de decomposição mas faz com que o oxigênio seja gasto muito rapidamente, podendo levar à criação de zonas anaeróbias no sistema. O excesso de azoto é libertado na forma de amônia, o que para além dos maus odores que provoca, corresponde a uma perda de azoto, com a consequente produção de um composto mais pobre neste nutriente e por isso, menos valioso em termos comerciais.
É importante misturar diferentes resíduos de forma o obter uma relação carbono/azoto adequada:
* uma relação inicial C/N demasiado alta poderá ser corrigida juntando à mistura a compostar, materiais ricos em azoto, tais como estrume de galinha e vegetais.
* uma relação inicial C/N demasiado baixa poderá ser corrigida juntando à mistura a compostar materiais ricos em carbono tais como palha, papel, serradura ou aparas de madeira.
Arejamento: Revirar quando compactado
A compostagem é um processo aeróbio e por isso a manutenção de níveis adequados de oxigênio no interior dos materiais a compostar é uma condição essencial para o sucesso do processo.
O oxigênio é fundamental para o metabolismo dos microrganismos aeróbios e para a oxidação das moléculas orgânicas que constituem os resíduos. Se o nível de oxigênio não for suficiente, a comunidade anaeróbia vai dominar o processo com consequente atraso na decomposição e produção de gases voláteis que são responsáveis pelos maus odores usualmente associados a estes sistemas. A transferência de oxigênio ocorre pelos mecanismos de difusão e convecção, havendo diferentes formas de manter um nível adequado de oxigênio, por exemplo recorrendo a tubos perfurados, revolvendo o material periodicamente, usando arejamento forçado ou combinando alguns destes mecanismos.
A maior parte do oxigênio é necessária no início da decomposição, quando as moléculas mais simples estão a ser decompostas rapidamente e o crescimento da população microbiana segue um modelo exponencial.
Umidade: Regar se necessário
Uma determinada quantidade de umidade é necessária no processo, uma vez que os microrganismos só são capazes de absorver os nutrientes que se encontrem na fase dissolvida. Além disso, a água é necessária aos processos metabólicos e à construção de biomassa, uma vez que esta é constituída majoritariamente por água (mais de 70%).
No entanto, teores muito elevados de água na mistura a compostar são indesejáveis. Água em excesso enche o espaço poroso entre as partículas, dificultando a circulação de ar e condicionando, consequentemente, as condições aeróbias. A estrutura física e a capacidade de retenção da água variam muito com o material a compostar, sendo por isso impossível apontar um valor adequado de umidade do material. Contudo, os valores usualmente encontrados na literatura estão na gama 40-70%. Em processos de arejamento forçado, em que grandes quantidades de água são removidas por evaporação, a adição de água pode ser necessária para ajustar o teor de umidade.
Uma maneira fácil de medir a umidade é fazer o teste da esponja, espremendo um bocado de composto com a mão. Se caírem apenas algumas gotas, como uma esponja acabada de espremer, tem a umidade certa. Se estiver muito seco junte água e se estiver muito úmido junte papel, palha, cartão ou folhas secas.