Talvez nem todos saibam, mas existem cactos que não gostam de sol pleno, não vivem em regiões áridas, rochosas e arenosas, e crescem sob a forma pendente, sendo perfeitos para o cultivo dentro de casas e apartamentos.
É o caso da espécie Rhipsalis pilocarpa, conhecida por seus caules delgados e peludos, de aparência exótica e ornamental. Além disso, este cacto produz pequenas e delicadas flores brancas, bastante perfumadas.
Mesmo sendo tão diferente dos cactos convencionais, a Rhipsalis pilocarpa pertence à família botânica Cactaceae.
O cacto Rhipsalis pilocarpa não possui um nome popular muito conhecido, no Brasil. No exterior, ele costuma receber como Rhipsalis-do-caule-peludo. Não por acaso, seu nome científico segue uma linha de analogia parecida, já que pilocarpa significa fruto peludo, em latim.
É interessante notar que a Rhipsalis pilocarpa é uma cactácea tipicamente brasileira, ocorrendo nativamente em diversas regiões ao sul de Minas Gerais e Espírito Santo, abrangendo também Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. Trata-se de uma planta de hábito epífito, que vive sobre os troncos das árvores, em florestas de climas tropical e subtropical.
O número de exemplares de Rhipsalis pilocarpa encontrados em seus habitats de origem vem declinando rapidamente, devido às ações de desmatamento nestas localidades. Sendo assim, esta é uma espécie listada como vulnerável pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais, em sua Lista Vermelha (IUCN Red List).
Ainda que muitas espécies de Rhipsalis não apresentem espinho algum, a Rhipsalis pilocarpa, excepcionalmente, tem seus caules cobertos por estas estruturas, que são maleáveis e possuem a aparência de pelos.
As touceiras de Rhipsalis pilocarpa nascem com seus caules na posição ereta e, à medida que se desenvolvem, vão adquirindo o porte pendente. A partir da porção apical de cada caule, nas pontas, surgem as pequenas flores brancas e perfumadas. Quando polinizadas, estas estruturas transformam-se em pequenos frutos redondos e avermelhados, recobertos por espinhos que se parecem com pelos.
Em seu habitat original, a Rhipsalis pilocarpa vive protegida do sol direto, sob a sombra proporcionada pelas copas das árvores. Sendo assim, esta é uma cactácea que aprecia a luminosidade difusa, filtrada, frequentemente encontrada dentro de casas e apartamentos. Isso não significa que este cacto não goste de luz.
É preciso que o vaso fique posicionado em um ambiente que receba bastante claridade, mas resguardado do sol pleno. Em janelas face oeste, que recebem o sol mais intenso da tarde, uma cortina fina pode ser utilizada para filtrar a luz.
Em varandas, coberturas e jardineiras externas, que geralmente são mais ensolaradas, é necessário colocar anteparos que protejam esta cactácea do excesso de insolação. Telas de sombreamento ou pérgolas funcionam bem, neste caso.
Alternativamente, plantas mais resistentes ao sol pleno podem ser posicionadas na frente da Rhipsalis pilocarpa, de modo que ela apenas receba a luz indireta.
Ao contrário de seus parentes, que apreciam solos arenosos, o cacto Rhipsalis pilocarpa requer um substrato mais apropriado para o cultivo de plantas epífitas, como orquídeas. Sendo assim, a mistura clássica de casca de pinus, carvão vegetal e fibra de coco pode ser utilizada para o plantio desta cactácea.
Uma pequena quantidade de musgo sphagnum também pode ser adicionada à mistura, com o intuito de fornecer mais umidade às raízes. Esta é um cacto que, excepcionalmente aprecia um solo mais ácido, rico em matéria orgânica.
O vaso ideal para o cultivo da Rhipsalis pilocarpa é o de plástico, uma vez que este material ajuda a reter a umidade no substrato por um período mais prolongado. Além disso, por ser mais leve, ele pode ser pendurado, sem maiores consequências em uma eventual queda. Esta é uma cactácea perfeita para vasos suspensos ou painéis de jardins verticais.
As regas do cacto Rhipsalis pilocarpa devem ser frequentes, de modo a manterem o substrato sempre ligeiramente úmido, não encharcado. Esta espécie não tolera longos períodos de estiagem, de modo que é bom evitar deixar que o substrato seque demasiadamente, entre uma rega e outra.
Por ser de origem tropical, este cacto também aprecia níveis de umidade relativa do ar superiores aos requeridos pelas cactáceas de regiões semiáridas.
Também por este motivo, esta é uma planta que não se dá bem com temperaturas muito baixas. Para que suas florações ocorram, é necessário que a Rhipsalis pilocarpa seja cultivada em um ambiente com temperaturas mais elevadas.
Assim que os botões florais se formam, é preciso evitar mudar o vaso de lugar, uma vez que pequenas alterações climáticas podem fazer com que a floração seja abortada, da mesma forma que costuma ocorrer com as orquídeas.
Outro procedimento que favorece a floração do cacto Rhipsalis pilocarpa é a redução das regas, durante os meses de inverno. Neste período, a adubação pode ser suspensa. Assim que os primeiros botões florais começarem a se formar, no início da primavera, as regas podem ser retomadas na frequência normal.
Uma adubação leve, de manutenção, do tipo NPK, pode ser fornecida à Rhipsalis pilocarpa, durante a fase de crescimento, nos meses mais quentes do ano.
Esta é uma planta habituada à disponibilidade escassa de nutrientes, que são fornecidos ocasionalmente, pelos detritos das florestas, trazidos pela chuva e pelo vento. O acúmulo de sais minerais provenientes da adubação pode causar danos às raízes desta planta.
Assim como outras espécies do gênero, a Rhipsalis pilocarpa não apresenta compostos tóxicos em seus tecidos vegetais, podendo ser cultivada tranquilamente em ambientes com crianças ou animais de estimação. Além disso, devido à profusão de espinhos, que lhe conferem a aparência peluda, é muito improvável que alguém se disponha a ingeri-la.
A propagação do cacto Rhipsalis pilocarpa é bastante tranquila, podendo ocorrer pela divisão de suas touceiras ou por estaquia, a partir de segmentos cortados da planta principal. Espécimes bem cultivados desta cactácea formam densas touceiras, bastante ramificadas, repletas de flores brancas e frutos vermelhos, um espetáculo para os olhos e o olfato.