Sendo o azul uma cor mais rara de ser observada nos seres vivos, é impressionante a diversidade de plantas suculentas capazes de ostentar este matiz em suas estruturas.
O bálsamo-azul, cujo nome científico é Senecio serpens, uma belíssima suculenta azulada, bastante apreciada pelos colecionadores. Devido ao aspecto fosco de suas folhas alongadas e cilíndricas, este senécio é conhecido como blue chalk sticks, bastões de giz azuis, nos países de língua inglesa.
O bálsamo-azul pertence à família botânica Asteraceae, a mesma de plantas suculentas famosas, tais como o colar-de-pérolas, (Senecio rowleyanus e colar-de-rubi (Oyhonna capensis).
Além de serem parecidas, estas espécies de bálsamo-azul são originárias da mesma região, ao sul do continente africano. O Senecio serpens apresenta o porte de um pequeno arbusto, com ramificações, sendo frequentemente utilizado como forração, em jardins rochosos, de inspiração desértica.
O aspecto roliço e empoeirado das folhas suculentas do senécio azul é resultado da deposição de uma camada de pruína sobre estas estruturas, substância cerosa com a aparência de um fino pó translúcido.
Quando removido, este material revela uma superfície mais brilhante e esverdeada. Como a pruína retirada não é reposta pelo senécio azul, é sempre bom manipular a planta com cuidado, para que sua aparência fosca e azulada não seja prejudicada.
Por ser uma suculenta que aprecia bastante luminosidade, o Senecio serpens costuma ser cultivado em áreas externas. Esta é uma planta que se desenvolve melhor sob sol pleno, condição que lhe confere um colorido extra, com as pontas das folhas azuladas adquirindo uma nuance púrpura.
Muito embora possa florescer, o bálsamo-azul costuma ser mais cultivado em razão do belo colorido de sua parte vegetativa. As flores desta suculenta são bem pequenas e discretas, na coloração creme, surgindo predominantemente durante o verão.
Muitos cultivadores cortam as hastes florais, tão logo elas comecem a despontar, com o intuito de priorizar o desenvolvimento das folhas do bálsamo-azul. Durante a floração, é comum observarmos um estiolamento da planta, que se torna menos compacta.
Outro fator que pode levar a um crescimento acelerado da planta, fazendo com que ela fique mais frágil, fina e comprida, é a falta de luminosidade.
O Senecio serpens não é a espécie mais indicada para ser cultivada dentro de casas e apartamentos, por necessitar de uma luminosidade intensa, com sol direto, para adquirir uma boa aparência.
Ainda assim, é possível cultivar o senécio-azul em apartamentos, desde que ele seja mantido em coberturas e varandas ensolaradas. As jardineiras na parte externa das janelas, que recebem sol pleno, também são bons locais de cultivo para o Senecio serpens.
Dentro de casas e apartamentos, é importante que o vaso fique bem próximo a uma janela que receba o maior número possível de horas de sol direto por dia.
Caso a suculenta a planta fique muito pescoçuda, é possível consertar sua aparência, através da realização de uma poda drástica, popularmente conhecida como decapitação. Para tanto, basta cortar a porção superior da planta, de modo a encurtar seu caule.
As folhas próximas à base podem ser retiradas. É importante que este segmento fique descansando, por algumas horas ou dias, em um local sombreado e ventilado, para que o corte seja cicatrizado. Depois disso, ele pode ser plantado separadamente, gerando uma nova planta, mais compacta.
O segmento remanescente, no vaso, continuará seu desenvolvimento normal, produzindo novas mudas. Esta é a forma mais rápida e tranquila de se fazer a multiplicação do senécio azul.
Trata-se de uma espécie que não costuma ser propagada através de suas folhas, colocadas em um berçário de suculentas, como geralmente é feito com as rodas-de-pedra, por exemplo.
Os demais cuidados com o senécio azul são semelhantes aos adotados no cultivo de suculentas, de modo geral. O solo ideal é aquele mais arenoso, semelhante ao encontrado no habitat de origem do Senecio serpens.
Uma mistura de terra vegetal e areia grossa, em partes iguais, é adequada para o cultivo desta suculenta. É importante que a areia seja de construção, uma vez que a areia da praia apresenta uma salinidade elevada, que é prejudicial ao desenvolvimento da planta.
Para quem gosta de praticidade, basta comprar um substrato próprio para o cultivo de suculentas, à venda em lojas de jardinagem e garden centers.
O bálsamo-azul está habituado à vida sobre solos pobres em matéria orgânica, de modo que não é necessário acrescentar elementos como esterco curtido ou húmus de minhoca ao substrato. Neste sentido, a adubação é bastante básica, apenas de manutenção, contendo níveis equilibrados de NPK. As aplicações devem ser semanais, com metade da dose recomendada pelo fabricante, para evitar o acúmulo de sais minerais no substrato.
É importante ter em mente que, ao contrário da maioria das suculentas, o bálsamo-azul apresenta um crescimento mais intenso durante os meses mais frios do ano, tornando-se dormente durante o verão.
O vaso para o cultivo do Senecio serpens pode ser de plástico ou de barro, desde que tenha furos no fundo. A frequência das regas deve ser bem espaçada e ajustada de acordo com o material escolhido para o vaso.
Recipientes de terracota permitem que o solo seque mais rapidamente. Já os vasos de plástico tendem a reter a umidade por mais tempo, de modo que as regas devem ser reduzidas, nestas condições.
Independentemente da periodicidade, devemos regar somente quando o solo estiver completamente seco. A verificação é muito simples, com a ponta do dedo.
Se o material estiver úmido, a rega deve ser adiada para uma outra ocasião. Quanto mais leve estiver o vaso, e quando mais clara estiver a terra, maiores são os indícios de que o solo em seu interior já secou o suficiente.
Para quem não resiste a uma coleção de suculentas coloridas, o Senecio serpens é uma aquisição valiosíssima. Dentre as espécies popularmente chamadas de senécio azul, esta é a de maior efeito ornamental.
Além disso, é compacta, podendo ser cultivada em qualquer local, desde que haja bastante luminosidade.