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Quem tem em casa uma orquídea se nega a florir se sente um pouco traído. Depois de dar água, casa, comida e roupa lavada, de seguir à risca as orientações do vendedor, buscar informações extras no QR Code do produtor, pesquisar em sites especializados e, ainda assim, ver os anos passarem sem nenhuma florzinha.

Pois é, não há orquidófilo iniciante que não fique chateado. Para deixar a gente ainda mais “mordido”, não faltam amigos dizendo “Ih, essa espécie floresce que nem mato!” ou “lá em casa está na terceira florada este ano”.

Há muitos motivos que levam uma planta a não florir, mas dois deles são os que acometem a maioria das plantas: falta de nutrientes – especialmente  fósforo, potássio e iluminação insuficiente.

Isso explica porque mesmo uma orquídea que esteja com vírus é capaz de florir ou como um  Dendrobrium ou Oncidium simplesmente “esquecido” nas árvores, sem cuidado nenhum, viram enormes touceiras de flores.

A verdade é que tendo nutrientes suficientes e recebendo uma dose generosa de luz natural, qualquer orquídea pode florir – inclusive aquelas que não fazem isso há anos. Pode se animar, sua orquídea tem salvação.

Cattleya Aurantiaca

Os nutrientes mágicos
As plantas usam quantidades consideráveis de nitrogênio, fósforo e potássio para se desenvolver, mas estes estão longe de ser os únicos nutrientes de que elas precisam.

Grosso modo, nitrogênio (N) regula a fotossíntese, o crescimento e a construção de proteínas e aminoácidos. Fósforo (P, do grego phosphorus) estimula a produção de raízes e, em parceria com potássio (K, do latim, kalium) e boro (B), está na base da construção de folhas, flores e frutos.

Sem fósforo, potássio e boro, árvores frutíferas produzem frutos secos e pequenos, ervas e leguminosas ficam com as folhas azuladas ou púrpuras e as orquídeas simplesmente não florescem. Como o boro é considerado um micronutriente, ele raramente aparece nas composições padrão de NPK.

Na “vida selvagem”, as plantas buscam sua “comida” por conta própria, explorando com as raízes novas áreas de solo até encontrar um elemento químico que esteja em desequilíbrio.

O boro está na composição de quase todos os tipos de terra, enquanto o potássio vem das cinzas e do leito de lagos e oceanos. Já o fósforo faz parte de tudo o que teve sangue ou vísceras: de pequenos roedores a grandes mamíferos, resíduos animais liberam fósforo (e outros nutrientes) durante o processo de decomposição.

Laelia purpurata sanguinea

Só que ninguém é louco de deixar uma  Laelia cheia de cinzas ou de esperar um camundongo apodrecer em cima de uma Vanda premiada, certo? Então, o único jeito de fazer uma orquídea em vaso dar flor é oferecendo à planta adubo regularmente, seja mineral (o famoso NPK), seja orgânico (como Bokashi, fosfato de rochas, farinha de peixe, sangue e osso, , entre outros).

A frequência de aplicação vai depender do tipo de adubo escolhido, que pode ser líquido, granulado ou em pastilha, mas também de absorção rápida ou de liberação lenta.

Sol, modo de usar
Se você está acostumado a adubar sua orquídea e nem assim ela floresce, vamos à segunda hipótese mais comum para a frustação: baixa incidência de luz natural. As folhas estão saudáveis e bem verdinhas?

Dendrobium_fimbriatum

Até nascem brotos da haste da Phalaenopsis? Seu Dendrobrim está carregado de keikes? Bingo! Estão aí os sinais de que falta luz. Não precisa mais achar que seu dedo é “podre”, não, porque, neste caso, a culpa é do vendedor que insiste no bordão “orquídea não gosta de sol”.

A maioria das orquídeas aprecia uma pequena quantidade de sol fraco, aquele do início da manhã. Se você for aos poucos aclimatando a planta, Phalaenopsis, Oncidium, Dendrobium, Cattleya e muitos outros gêneros poderão se beneficiar do sol das 6h às 9h. Isso mesmo, sol direto nas folhas, mas aquele bem fraquinho, o mesmo que os médicos recomendam ser prudente para levar um bebê à praia.

Gêneros mais rústicos podem ficar “tostando” o dia todo sem o menor problema, como é o caso de Epidendrum, Cyrtopodium, Arundina e outras orquídeas terrestres de sol pleno.

Para testar se é mesmo falta de luz, faça a mudança devagar, aproximando o vaso de um local ensolarado um pouquinho por semana, para dar tempo de a orquídea se acostumar.

Curiosamente, boa parte das plantas ornamentais vem de estufas teladas, que facilitam o trato cultural, mas dificultam nossa vida nesse processo de tornar as espécies, digamos, mais resilientes.

banquinho

flores

Não são somente as plantas que precisam de cuidados frequentes, mas o solo também! O mal mais comum que assola vasos e canteiros é a terra muito compactada. Mas você não está sozinho, o solo brasileiro é tipicamente argiloso, portanto a probabilidade de ter que lidar com este problema é alta.

Em uma terra extremamente dura as raízes das plantas não conseguem crescer e a planta não se desenvolve, elas atrofiam. Por isto, existem cuidados básicos que podemos realizar para minimizar estes danos:

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* Afofe a terra periodicamente: com o tempo, as regas e o pisoteamento (em caso de canteiros), a terra vai se tornando cada vez mais dura, por isto afofar é essencial! Mas como fazer?

Se estivermos falando de vasos e jardineiras, ou seja, pequenos espaços, podemos usar um ancinho pequeno ou até mesmo o cabo de uma colher. Para espaços maiores, como canteiros, utilize um ancinho grande ou uma enxada.

Este afofamento é feito somente na camada mais superficial do solo, em torno de 10 cm de profundidade, que é a região que fica mais dura.

Tome cuidado para não afetar as raízes, por isto não aprofunde muito o afofamento e tome certa distância do caule da planta. O processo fica mais fácil quando a terra não está encharcada.

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* Melhore a drenagem do solo: no período pré-plantio podemos evitar a compactação através da melhora da drenagem. Para isto, adicione um pouco de areia durante o preparo do solo, porém depois que este solo já estiver pronto e produzindo podemos minimizar o problema adicionando composto orgânico ou húmus de minhoca (ou vermicomposto).

A maioria já conhece os benefícios destes insumos na adubação, fornecendo principalmente nitrogênio (N), porém eles também são considerados condicionadores do solo, ou seja, aumentam a porosidade e permeabilidade do solo.

Portanto, a cada 40 dias invista em algum destes insumos para o solo de sua horta, mas cuidado para não exagerar. Esfagno e vermiculita também melhoram a qualidade física do solo, porém não ajudam na qualidade química (adubação), como o húmus e o composto.

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* Atenção à rega: vocês acreditam que a rega errada pode compactar o solo!? A rega de mangueira de pressão e à grande distância do solo são os fatores mais responsáveis por compactar o solo das hortas caseiras.

Quando as gotas de água caem no solo elas acabam pressionando e compactando as partículas do solo e isto se intensifica quando molhamos as plantas à distância.

Como fazer, então? Basta utilizarmos um regador ou a mangueira com baixa pressão bem próximo à terra, praticamente encostando no solo, assim como fazer uma rega moderada, sem encharcar.

Então a chuva também ajuda nesta compactação? Sim! E para minimizar isto, utilize cobertura vegetal seca (como folhas secas, palha de aveia e/ou de alfafa), principalmente em canteiros que dão muito mais trabalho para corrigir o problema do que os vasos.

Esta matéria seca também protege o solo contra as altas temperaturas que também endurecem a terra. A temperatura ideal para nosso solo tropical é 25ºC, porém quando desprotegidos podem chegar à 56ºC, sendo que as plantas só conseguem absorver a água até 32ºC, ou seja, proteja-o!

Importante: a falta de rega também pode causar a compactação do solo, como vemos naquelas típicas paisagens desérticas de solo calcário, portanto o equilíbrio é um fator chave!

Todas estas ações melhoram a aeração do solo e permitem que a água escoe, melhorando a estrutura do solo, aumentando o enraizamento e a capacidade de captação de nutrientes pela planta.

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