A Rosa do Deserto é uma planta que desperta paixão em todo o mundo, da mesma forma que orquídeas, bromélias, cactos, suculentas, carnívoras e bonsais. Há colecionadores dedicados à esta fantástica espécie, que produzem plantas com caules excepcionalmente esculturais e florações magníficas.
É uma planta suculenta, de aspecto escultural e floração exuberante. Seu caule é engrossado na base, uma adaptação para guardar água e nutrientes em locais áridos. Alcança de 1 a 3 m de altura se deixada crescer livremente, em jardins.
Apresenta folhas dispostas em espiral e agrupadas nas pontas dos ramos. Elas são inteiras, coriáceas, simples, de forma elíptica a espatulada, verdes e com nervura central de cor creme. Raríssimas variedades apresentam variegações, com folhas creme, salpicadas de verde.
As florações podem ser obtidas em plantas ainda jovens, com apenas 15 cm de altura. O florescimento geralmente ocorre na primavera, sendo que há possibilidade de sucessivas florações no verão e outono. As flores são tubulares, simples, de cores variadas, indo do branco ao vinho escuro, passando por diferentes tons de rosa e vermelho. Muitas variedades apresentam mesclas e degrades do centro em direção as pontas das pétalas. Há ainda variedades de flores dobradas, triplas, quádruplas e quíntuplas
Essa espécie ainda permite enxertia, o que é bastante interessante para se produzir em uma mesma planta flores de cores diferentes. Plantas antigas, de variedades raras, e bem trabalhadas alcançam preços exorbitantes no mercado, assim como bonsais.
Um dos segredos para deixar a base do caule interessante é levantar um pouco a planta, deixando a parte superior das raízes exposta a cada replantio, que deve ser realizado a cada 2 ou 3 anos. A planta enraizará normalmente. Para obter um aspecto engrossado e florações intensas, a utilização de um fertilizante de boa qualidade é fundamental. Ela não é muito exigente em nitrogênio, portanto uma fórmula específica de floração, que contenha mais fósforo é indicada. Jamais fertilizar uma planta sem antes irrigá-la, sob pena de queimar raízes e provocar queda das folhas.
Deve ser cultivada sob sol pleno ou meia-sombra, em solo perfeitamente drenado, neutro, arenoso, enriquecido com matéria orgânica e irrigado a intervalos esparsos e regulares. Não tolera o frio abaixo de 10ºC ou encharcamento. Apesar dessas exigências em drenagem não é bom deixá-la muito tempo sem regas. Em países de clima temperado e frio ela se torna semi-decídua e deve ser conduzida em estufas aquecidas no inverno. Ainda que tolere meia-sombra, florações abundantes só serão obtidas sob sol pleno. Podas de formação devem ser criteriosas para não formar deformidades não naturais e cicatrizes feias na planta, e luvas, pois sua seiva é altamente tóxica. Multiplica-se por sementes e estacas, porém o caule (caudex) grosso só se origina de sementes.
Como cultivar
O Adenium é uma espécie relativamente fácil de ser cultivada, desde que você considere a sua planta como se fossem duas completamente diferentes, com necessidades diferentes em diferentes períodos do ano.
No verão, quando em pleno crescimento, ela deve ser tratada como planta tropical, regada abundantemente e com freqüência, e bem adubada.
No inverno ela precisa de ambiente seco, deve ser tratada como um cacto, com muita iluminação e com regas ocasionais.
Como a maioria das suculentas, o Adenium quando adormecido durante o inverno, é suscetível a podridão radicular causada pelo acumulo de água no substrato. Por isso, deve ser plantado em substrato bem drenado a arejado. A combinação é: 50% de substrato para plantio de hortaliças, 40% de areia grossa e 10% de pedrisco de brita penerado.
O vaso deve ser apenas um pouco maior do que o tamanho da massa radicular, para reter pouca umidade e evitar a podridão das raízes. No entanto, o tamanho do vaso restringe o crescimento da planta. Assim, a cada ano, o tamanho do vaso deve ser aumentado. O ideal é que o vaso tenha o formato de tigela, um pouco maior que o sistema radicular.
Como a maioria das plantas suculentas, o Adenium precisa de muita luz para o seu florescimento, mas o sol muito forte pode queimar as às flores de tons mais escuros. O ideal é cultivar Adenium em viveiros cobertos com plástico e tela sombrite com malha 50%.
O Adenium pode permanecer com folhas em quase todo o ano, principalmente se cultivado em viveiros, mas, algumas espécies perdem todas as folhas durante o inverno. Para estas espécies, a rega durante a desfolha deve ser moderada, para evitar a podridão das raízes.
Os ácaros e a podridão das raízes, são os maiores problemas no cultivo do Adenium. Também os percevejos costumam aparecer na época em que a planta desenvolve as vagens de sementes após a polinização. Os pulgões aparecem ocasionalmente na época após a germinação, quando as mudinhas apresentam 3 pares de folhas.
Para o controle do Phytium SP, fungo causador da podridão radicular, recomendo a adição de canela em pau no substrato de plantio. O Adenium, não deve ter um crescimento muito acelerado para não prejudicar na formação dos galhos. Fertilizantes nitrogenados na fase de crescimento, causam o alongamento da planta e a perda de seu valor estético e comercial. Utilize fertilizante com a formulação 8-6-6, a cada 25 dias, na fase de crescimento da planta. Utilizo também hormônio de floração logo após o período de dormência e fertilizante fosfatado, logo após a polinização manual e inicio do aparecimento de vagens de sementes, para fortalecer a planta e para que ela não aborte as vagens.
Substrato para Adenium
Utilizar 10kg de areia lavada de construção, 10 kg de pedrisco (brita) bem fina, 10 litro de esterco bem curtido de galinha ou de vaca, 10 litros de carvão bem miudinho, 10 litros de palha de arroz carbonizada ou palha velha (aquela que já está escurecendo de velha) misture tudo isso bem misturado, se preferir poderá acrescentar 5 colheres de torta de mamona e 5 colheres de sopa de farinho de osso, tudo isso vai deixar um substrato bem drenado e rico em nutrientes.
Fertilização para Adenium
PH do meio de Cultivo
A acidez e a alcalinidade têm ação preponderante sobre a absorção das substâncias nutritivas. O excesso de um ou de outro pode produzir alteração do sistema radicular e dos caules e folhas.
As plantas só absorvem os nutrientes numa faixa estreita de pH e esses valores variam dentro de certos limites para cada espécie vegetal.
Além disso geralmente o meio ácido dificulta a dissolução de certos sais. Sabe-se também que a acidez excessiva pode, por outro lado, solubilizar quantidades exageradas de sais de manganês, ferro, zinco, cobre e alumínio, o que torna o meio tóxico para as plantas.
Parece que só na faixa de pH compreendido entre 6 e 7 os sais são solubilizados nas quantidades ideais e entre 4 e 9, a absorção é possível. A alcalinidade alta, por sua vez, insobilizando o ferro, o manganês, etc., cria as deficiências desses minerais.
Cálcio
É um dos chamados macronutrientes secundários junto com o magnésio (Mg) e o enxofre (S). Os efeitos indiretos do cálcio são tão importantes quanto o seu papel como nutriente. O cálcio promove a redução da acidez do substrato, melhora o crescimento das raízes, aumento da atividade microbiana, aumento da disponibilidade de molibdênio (Mo) e de outros nutrientes. Reduzindo a acidez do substrato, diminui a toxidez do alumínio (Al), cobre (Cu) e manganês (Mn). Plantas que apresentam altos teores de cálcio resistem melhor a toxidez destes elementos. Os sintomas de deficiência de cálcio são morte da gema apical, clorose e necrose internervais nas folhas mais novas, sintomas de deficiências em Ca2+ são mais pronunciados nos tecidos jovens, já que praticamente inexiste o seu transporte no floema. Tecidos deformados e enrolados são encontrados em plantas deficientes. As vagens chochas e as folhas enroladas são sintomas de deficiência de cálcio.
Fósforo
Dos macronutrientes primários, o fósforo é absorvido em menores quantidades que os demais, entretanto sua presença no solo é indispensável para o crescimento e produção vegetal. Interfere nos processos de fotossíntese, respiração, armazenamento e transferência de energia, divisão celular, crescimento das células. Contribui para o crescimento prematuro das raízes e formação das sementes. Por interferir em vários processos vitais das plantas, deve haver um suprimento adequado de fósforo desde a germinação. O fósforo, na planta, apresenta uma grande mobilidade. As plantas quando jovens absorvem maiores quantidades de fósforo ocorrendo um crescimento rápido e intenso das raízes em substratos com níveis adequados do nutriente. A falta de fósforo ocasiona uma taxa de crescimento reduzida desde os primeiros estágios de desenvolvimento da planta. As folhas mais velhas adquirem coloração arroxeada, em razão do acúmulo do pigmento antocianina. Em estádios de desenvolvimento mais tardios, as folhas apresentam áreas roxo-amarronzadas que evoluem para necroses. Essas folhas caem prematuramente, e a planta retarda sua floração e frutificação. A absorção de fósforo pelo Adenium é afetada principalmente pela concentração de fósforo na solução do substrato. A acidez ou a alcalinidade do substrato, o tipo e a quantidade de matéria predominante, o teor de umidade, a compactação, o modo de aplicação dos fertilizantes e as temperaturas baixas na fase de emergência das plantas também afetam a absorção desse nutriente. A correção do substrato pode ser feita preventivamente com a aplicação de fertilizante fosfatado antes do plantio.
Potássio
É o nutriente mais extraído pelo Adenium. A deficiência de potássio torna lento o crescimento das plantas; as folhas novas afilam e as velhas apresentam amarelecimento das bordas, tornando-se amarronzadas e necrosadas. O amarelecimento geralmente progride das bordas para o centro das folhas. Ocasionalmente verifica-se o aparecimento de áreas alaranjadas e brilhantes. A falta de brilho e aveludamento nas flores, em muitos casos, é também devida à deficiência de potássio. O teor de potássio no solo, a taxa de lixiviação, a calagem excessiva ou a presença de altos teores de cálcio, magnésio e amônia no substrato afetam a disponibilidade de potássio para a planta. A correção pode ser feita com a adubação em cobertura de sulfato ou cloreto de potássio, seguida de irrigação.
Nitrogênio
A deficiência de nitrogênio leva ao amarelecimento e posteriormente à queda das folhas inferiores, as plantas ficam com folhas e flores pequenas e falta geral de robustez. Normalmente uma planta em baixos níveis de nitrogênio terá hastes nuas com tufos de folhas pequenas e rígidas nas extremidades. O excesso ocasiona um rápido crescimento da planta , ocasionando a produção de folhas grandes e ampliando os espaços de entrenós dos ramos. Níveis controlados de nitrogênio e fósforo devem ser utilizados para controlar o crescimento da planta. Baixos níveis contribuir para o crescimento demorado por isso o produtor deve decidir os níveis de nitrogênio para atender às suas necessidades. Eu utilizo a formulação química de fertilizante com 8 de nitrogênio, com isso a planta demora um pouco mais para crescer mas o seu ciclo de vida e bem maior. O nitrogênio pode ser utilizado em duas formas, amoníaco e nitrato. Utilizo na forma de nitrato N que favorece a um crescimento mais compacto da planta em comparação à amônia. As fontes orgânicas fornecem nitrogênio amoniacal. A foto mostra um Adenium com deficiência de nitrogênio
Nutrição
Problemas nutricionais ocorrem devido a inúmeras razões além da falta real de um nutriente específico ou até mesmo da composição química da água utilizada para a irrigação. Compreender as necessidades de nutrição desta espécie de planta é a chave para a solução e prevenção de muitos outros problemas que ocorrem no cultivo do Adenium.
O Adenium se desenvolve melhor com uma quantidade moderada de nutrição suplementada com micros e macros nutrientes. Parte da razão do sucesso de uma boa nutrição da planta é a composição do meio de cultivo, assegurando capacidade de ligação química destes nutrientes (por exemplo, cobre). Outro fator importante é uma boa drenagem do meio de cultivo para garantir a lixiviação dos nutrientes aplicados.
Saiba diferenciar uma espécie de outra
Adenium Multiflorum
Adenium Multiflorum é freqüentemente confundido como uma variedade de Adenium Obesum, mas é bem diferente de muitas maneiras. É provavelmente a segunda espécie mais fácil de ser encontrada. Geralmente, tem o tronco (caudex) mais estreito do que o Adenium Obesum, e é uma espécie decidual, com dormência obrigatória no inverno e floresce de maio a agosto, enquanto a planta está sem as folhas. As flores são abundantes e, possivelmente, o mais impressionante de todo o grupo. As pétalas são afiadas em forma de estrela, de vermelho brilhante e de diferentes larguras que é nitidamente delimitada a partir das partes brancas interiores.
Adenium Somalense
Adenium Somalense é outra espécie variável. Ocorre desde o sul da Somália, Quênia e na Tanzânia. Na Somália e áreas adjacentes do Quênia as plantas de ocorrência natural alcançam até 15 metros de altura, com tronco maciçamente inchados. Em outras áreas, é mais arbustiva e semelhante ao Adenium Obesum. As flores são um pouco menores, mas semelhantes ao Adenium Obesum. O Adenium Somalense de variedade Crispum, forma um grande caudex espesso, onde crescem algumas hastes delgadas, geralmente com menos de 1 metro de altura. As flores são menores do que a maioria de outras espécies de adeniums , mas com lindas listras vermelhas e brancas. É muito utilizado por bonsaistas e muito difícil de ser encontrados em viveiros comerciais.
Adenium Socotranum
O Adenium Socotranum é o mais raro de todos. É uma espécie endêmica da ilha de Socotra no Oceano Índico ao sul da península Arábica e do leste do Corno de África e que pertence ao Iêmen. É o gigante do grupo, com troncos maciços de até 10 metros de altura e 8 metros de diâmetro! Por muitos anos, Socotra hospedou um porto naval soviético e nunca permitiu a disponibilidade de plantas e sementes fora dos limites da ilha. Nos últimos anos, as visitas a ilha ficaram mais acessíveis, mas as autoridades são muito protetoras dos recursos naturais e a coleta de plantas e sementes é considerada ilegal. Adenium Socotranum ocorre aos milhares na ilha, mas pouquíssimos exemplares da espécie existem fora dela e por isso são caras e raras de se encontrar. É bom explicar que o Socotranum tailandês, chamado de Thai-Socotranum, não é o Adenium Socotranum nativo de Socotra, e sim um híbrido resultado de cruzamentos entre espécies.
Adenium Arabicum
Adenium Arabicum, como o próprio nome sugere, vem da Península Arábica, especialmente a Arábia Saudita e o Iêmen. Isto é pouco estudado e é possível que na verdade existam duas plantas diferentes provenientes dessa área. Em seu ambiente natural, na Arábia Saudita, é bastante alto, até 8 metros, e um pouco semelhante a Adenium Somalense. A outra forma é baixa, com ramificação um pouco reclinadas e base do caudex esférico com 2 metros de diâmetro.
Adenium Obesum
Adenium obesum é generalizada e variável em seu habitat natural. Ela ocorre em uma faixa larga em toda a África subsaariana, do Senegal ao Sudão e Quênia. Sua variabilidade na natureza é refletida por sua variabilidade no cultivo. Tem um período relativamente longo de florescimento no verão e continua em crescimento durante o inverno se mantido em ambiente coberto. É a espécie mais amplamente difundida em cultivo e é a mais usada para hibridação. As flores são de tamanho variável, mas podem chegar até 10 centímetros de diâmetro, dependendo dos tratos culturais. As margens das pétalas variam do rosa ao vermelho intenso, e desvanecem-se gradualmente ao branco perto do centro. Plantas jovens desenvolvidas a partir de sementes têm um caudex distintamente inchado (seedling) e, eventualmente, a planta desenvolve um tronco muito forte. É uma espécie altamente desejável. A variação de cores chega ao incrível numero de 500.
Adenium Oleifolium
Adenium Oleifolium é outra espécie menor, com um metro de diâmetro do caudex e ramificação de até dois metros de altura. É nativa do deserto de Kalahari, ao sul de Botswana, Namíbia e norte da África do Sul. É uma espécie de crescimento lento com flores relativamente pequenas. Não é muito cultivada em viveiros, devido suas flores serem muitos pequenas , mas é muito importante para trabalhos de hibridização.
Adenium Boehmianum
Adenium Boehmianum é originária do noroeste Namíbia e sul de Angola. É uma espécie de crescimento lento, e leva vários anos para florescer. As flores são de rosa pálido e uniforme parecidas com as do swazicum e sua floração acontece de novembro a maio. O caudex e a ramificação possui uma coloração prateada e a exemplo de swazicum, também tem folhas caducas que tem a coloração verde-acizentada e dobrado ao longo da nervura central. A seiva é usada como veneno de flecha e suas folhas são usadas para fazer uma pomada que alivia a dor causada por picadas de cobra e de escorpião por tribos nativas do sul da Namíbia.