As orquídeas vegetam, nos mais diversos ambientes, desde as regiões mais frias, até as mais quentes; das mais secas, as mais úmidas; das baixas altitudes, até as mais altas, etc. Então é necessário frisar, que não poderemos ter em cultura, num mesmo local, todas as orquídeas, que ocorrem em diversos ambientes da face da Terra, pois seria muito dispendioso tentar simular todas essas condições.
Os seus hábitos de vida são os mais diversos, como:
1) terrestres – vegetam no solo;
2) saprófitas ou humícolas – vegetando no material orgânico em decomposição existente sobre o solo das florestas, não possuem clorofila e suas folhas são escamiformes;
3) subterrâneas – caso extremo de adaptação de plantas saprófitas, que ocorrem no subsolo, não possuindo folhas, nem clorofila; ocorrendo apenas, no Continente Australiano;
4) rupícolas ou saxícolas – entre pedras ou sobre rochedos, a pleno sol ou abrigadas da luz direta; quando apresentam velame nas raízes podem ser consideradas também como pseudoterrestres, pois essa estrutura especializada para a absorção de água, é característica das epífitas;
5) epífitas – possuem o velame, uma estrutura da exoderme da raiz, especializada para a absorção de água do ar, ou da chuva, com alta eficiência; vegetam sobre as árvores e os arbustos, usando-os apenas como hospedeiros, sem os parasitar.
Quanto às exigências de luz são classificadas, como:
Umbrófila – que cresce totalmente na sombra, geralmente são àquelas plantas do tipo de metabolismo C3.
A seguir um representação do metabolismo C3 .
Semi-umbrófila – que cresce totalmente na semi-sombra, geralmente são àquelas plantas do tipo de metabolismo C3.
Semi-heliófila – que cresce no semi-sol, geralmente constituídas por àquelas plantas do tipo de metabolismo CAM, que fixam o gás carbônico no período noturno.
Heliófila – que cresce a pleno sol, geralmente são àquelas plantas do tipo de metabolismo CAM, que fixam o gás carbônico no período noturno. Essa adaptação é importantíssima para essas plantas, pois permite a conservação da água, em condições extremas de exposição solar, sem que seja necessária a planta abrir os estômatos para absorver o gás carbônico, nas horas mais quentes do dia.
Ambientação
É necessário reconstituir no orquidário, as condições mais naturais possíveis, tentando imitar o ambiente em que o espécime vivia no campo, ou aquele (s) característico (s) do gênero ou da espécie, já amplamente conhecidos entre os orquidófilos.
Introdução ds plantas no orquidároi
Cada espécime introduzido no orquidário deverá ter obrigatoriamente uma etiqueta (de alumínio, ou plástico) onde será colocado um número, que será o correspondente, ao de um livro de registro, com entrada seqüencial; nele será anotada a procedência - de orquidário comercial, doação de amigos ou da natureza, o que deverá ser evitado e, quando feita, com a permissão do órgão competente e, da maneira mais criteriosa possível; caso as plantas estejam floridas na época obtenção das mesmas, seria interessante anotar os seguintes dados adicionais: época da floração, da brotação, forma e coloração das flores, data do plantio, tipo de vaso e que material empregado, entre outros; todos esses dados pertinentes a(s) espécie (s) poderão ser organizados em um banco de dados e armazenados em um computador, onde poderão ser facilmente recuperados, à medida que for aumentando o número de plantas, dessa forma, facilitando o controle e os respectivos tratos culturais.
Limpeza das plantas
Todo o cuidado deverá ser tomado para não se introduzir doenças e pragas no orquidário; para tal deveremos verificar se o exemplar possui raízes e pseudobulbos velhos ou excessivamente danificados, que deverão ser eliminados com uma tesoura de poda esterilizada; em seguida, as folhas deverão ser limpas com uma esponja delicada e os pseudobulbos e rizomas, com uma escovinha macia (escova de dente); este procedimento eliminará a maioria das algas, liquens e musgos, que geralmente cobrem a sua superfície, e que podem a vir prejudicar a absorção da luz para o processo fotossintético e, conseqüentemente, o seu crescimento; pode-se usar sabão de coco, ou detergente biodegradável neutro, nessa limpeza, exceto para aquelas orquídeas de folhas finas, as quais poderiam ser machucadas pelas cerdas da escova.
Desinfecção das plantas
Posteriormente, as plantas deverão ser borrifadas com uma solução, contendo um fungicida de contato ou sistêmico (absorvido pela planta) e, por um inseticida, com as mesmas características; desse modo evita-se a contaminação das demais plantas do orquidário, por pragas, que porventura esteja(m) presentes no(s) exemplar(es) a serem introduzidos na coleção.
Geralmente esses produtos são muito tóxicos, portanto é muito importante seguir as recomendações do responsável técnico da loja onde for comprado o produto e a do fabricante, para evitar possíveis danos à própria saúde e ao meio ambiente.
Normalmente a adição de um espalhante adesivo a qualquer solução, seja de defensivo agrícola, ou a fertilizante, aumenta a superfície de contato com a planta, e retém por maior tempo as substâncias, maximizando o seu emprego. Quando for fazer adubação ou aplicar inseticida, é imprescindível a utilização do espalhante adesivo, consorciado com um fungicida de contato ou sistêmico, para evitar a formação de fungos nas folhas. É importante, a cada 15 dias, alternar a utilização de produtos, de marca e ação diferentes, evitando-se assim, oportunizar o aparecimento de insetos ou fungos resistentes.
Finalmente a planta recém obtida deverá ficar de “quarentena”, sob observação, por um período de mais ou menos uns 30 dias, antes de se incorporada ao orquidário, pois dessa forma evita-se a contaminação das demais plantas, o que pode, às vezes, ser catastrófico.
Adubação
Caso tenha sido reenvasada a planta ou suprimida sua raiz velha, durante o período, em que ainda não se formaram as novas raízes, a adubação deverá ser a foliar, a cada dez dias, aproximadamente, na dosagem recomendada pelo fabricante ou em dosagem homeopática; eu, geralmente, só faço a adubação foliar, pois dessa forma, evita-se o apodrecimento precoce do substrato, entretanto, pode-se usar simultaneamente no substrato do vaso, a cada 4 meses, uma pitada de torta de mamona com farinha de osso, afastado das raízes, ou estrume de galinha seco em pó, para não queimá-las.
Fertilizantes
Utiliza-se os próprios para orquídeas, como o Peters ou o Ouro Verde. Aplicar cerca de 1-2 gramas, por litro de água, a cada doze dias. Molhar bastante as folhas e o substrato com o fertilizante, e no dia seguinte não irrigar. Recomendam-se a utilização para crescimento geral as fórmulas de N.P.K. (18-18-18), (20-20-20) ou (30-10-20), aproximadamente, na dosagem recomendada pelo fabricante ou em dosagem homeopática. Adubos orgânicos também podem ser utilizados, mas eles têm o inconveniente de apodrecer precocemente o substrato.
Esses produtos podem queimar as folhas e pseudobulbos das plantas, em que forem empregados, podendo, em casos extremos, quando utilizados de forma errônea, até matá-las, portanto, é muito importante seguir as recomendações do fabricante do produto.
Vasos e Substratos
As orquídeas das Campinas desenvolvem-se sobre árvores em galhos verticais ou inclinados, que retém pouca água, ou no solo, com boa drenagem, que retém a água das chuvas durante pouco tempo e permanecem quase secas durante a maior parte do ano. Daí deve-se escolher uma combinação de vaso e substrato que atenda às necessidades de drenagem a retenção de nutrientes.
Os vasos de barro absorvem o excesso de umidade, não deixando os substratos ficarem encharcados. Desvantagem: crescimento de algas nas paredes, necessitando limpeza a cada seis meses com escova, pois prejudicam a drenagem e abafam as raízes. Adotamos os vasos com as seguintes especificações:
O vaso “A” destina-se a “seedlings” ou microorquídeas. Os vasos plásticos têm dado bons resultados para orquídeas de modo geral, mas principalmente para as orquídeas do gênero Catasetum L.C. Rich., e afins. As suas maiores vantagens é a fácil limpeza e, o fato de que as raízes, não grudam em sua parede, o que facilita o transplante, sem danos ao sistema radicular. São de formato cônico convencional, mas não há disponíveis no comércio com furos, cuja execução fica a cargo do orquidófilo, o que não apresenta maiores dificuldades.
Para uma melhor ventilação e drenagem, os vasos podem ser suspensos com arame, e para tal é necessário que tenham três furos próximos a boca, simetricamente dispostos.
No fundo do vaso devem ser colocados cacos de cerâmica (de telhas, tijolos ou de vasos), até mais ou menos 1/3 da altura do mesmo; dispõe-se o substrato desfibrado, de preferência com as fibras no sentido vertical, comprimindo-o, mas não em excesso.
Pode-se também encher o vaso apenas com cinasita, ou misturá-la com pedaços de carvão ou de isopor e cavacos de madeira. Nunca encher o vaso até a borda ou acima dela com o substrato, para evitar que os adubos, a água da rega e outros venham extravasar.
O uso de placas, estacas de xaxim, de coco prensado, ou troncos de árvores, torna mais fácil o plantio e, é a melhor opção para as plantas cujo rizoma não se desenvolve horizontalmente. Em condições naturais muitas orquídeas formam grandes touceiras em galhos, que estão em posição horizontal, ou em suas forquilhas. O uso de placa e ou tronco em posição horizontal, simula aquela condição, e é muito econômico porque esses dois substratos comportam muitas plantas, mas dificulta seu transporte, por exemplo, para uma exposição.
O uso de árvores vivas de Dracena ou de Cuieira, quando disponíveis, é excelente, pois essas plantas possuem propriedades de casca e nutrientes, ideais para o cultivo de orquídeas. Entretanto o cultivo em substrato vivo exige maior vigilância contra pragas e animais domésticos, já que não podem ser protegidas por telas ou deslocadas.
A escolha do vaso e substrato apropriados depende de experiência, pois varia conforme o hábito de cada espécie. Não se deve utilizar vasos demasiadamente grandes em relação a planta, pois o substrato estará podre até a planta ocupá-lo totalmente. Dessa forma pode-se economizar espaço e substrato no orquidário. Pode-se ainda combinar o uso de uma placa inclinada ou um espeto vertical em um vaso, para certas plantas que tem hábito escandente.
Plantio – escolhido o vaso e substratos adequados, procede-se o plantio da orquídea observando-se as seguintes regras:
- deixar o pseudobulbo posterior (mais velho) encostado na borda do vaso, com a guia (broto ou pseudobulbo mais novo) dirigida para o centro do vaso;
- não cobrir o rizoma com substrato; deixá-lo apenas encostado, e se necessário firmá-lo com uma vareta, traspassando os furos laterais;
- amparar a planta com um tutor (de bambu ou arame), orientando os pseudobulbos na posição vertical, para melhor aspecto e harmonia; não torcê-los demais;
- às vezes é necessário posicionar gradualmente os pseudobulbos, fixando-os com fio (utilizamos fio de ráfia) e tracionando-os de duas em duas semanas até a posição desejada. Após alguns meses as escoras e fios podem ser retirados, na maioria das vezes, depois do enraizamento.
Re-envazamento: A cada 12-18 meses deve-se trocar o substrato do vaso de barro ou plástico, caso esse seja constituído de material fibroso.