Estudos recentes indicaram que Casearia, gênero da guaçatonga, tradicionalmente reconhecido na família Flacourtiaceae, faz parte das Salicaea. A família é cosmopolita, merecendo destaque o gênero Salix, do qual foi obtido originalmente o ácido acetil salicílico, famoso analgésico. O salgueiro-chorão (Salix babylonica) é árvore cultivada no Brasil como ornamental.
Distribuída por quase todo o Brasil, em diferentes formações vegetais, a guaçatonga é o tipo de planta que normalmente passa despercebida ao olhar da maior parte das pessoas. Suas flores não têm a exuberância dos ipês, os frutos não são suculentos como a cagaita e a mangaba, mas é espécie de grande importância ecológica e amplamente utilizada pelas populações tradicionais em toda sua área de ocorrência.
É recomendável aos que freqüentam locais de difícil acesso e distantes dos postos de atendimento médico que procurem conhecer a guaçatonga
Trata-se de arbusto ou arvoreta alcançando até 6 m de altura em alguns locais, nativa de quase todo o Brasil, principalmente em florestas secundárias. No Cerrado é mais freqüentemente encontrada na forma de arbusto (mas ocorre como arvoretas), em diversos tipos de vegetação.
As folhas têm aparência e disposição bem características: são alternas (uma folha de cada vez se desenvolve a partir dos ramos), simples, de base assimétrica e bordos serrilhados, de 6 a 12 cm de comprimento.
Flores pequenas, esbranquiçadas, reunidas na base das folhas, em inflorescências chamadas glomérulos. Os frutos, de até 0,5 cm de comprimento são globóides e possuem de 2 a 6 sementes de até 2 mm, com arilo alaranjado.
Devido às suas propriedades terapêuticas, está entre as espécies vegetais úteis à sobrevivência no Pantanal.
Atualmente é utilizada como adulterante de Cordia salicifolia, conhecida popularmente como porangaba, o que tem aumentado a pressão antrópica sobre a espécie.
Além de medicinal, no Paraná foi registrada como importante para suprimento de pólen apícola. Tal característica deve ser levada em consideração por apicultores e fruticultores de outras regiões onde ocorre a guaçatonga.
É polinizada por pequenos insetos e têm suas sementes dispersas por pássaros.
Por seus aspectos ecológicos, o uso da guaçatonga é altamente recomendável em projetos de recuperação de áreas degradadas e paisagísmo público ou particular.
Além de atrair uma ampla gama de insetos durante a sua floração, é considerada extremamente atrativa para os pássaros, que se alimentam de suas sementes. Segundo os ornitólogos John e Cristian Dalgas Frisch, a espécie atrai juviaras, tiês, pica-paus, suiriris, tesouras, bem-te-vis, sanhaços, sabiás, saíras, gaturamos, entre outros.
Para fins de propagação, vale ressaltar que as sementes de guaçatonga apresentam maiores taxas de germinação em temperaturas constantes próximas à 25ºC.
Quem tem guaçatonga em casa, ou próximo, aproxime-se e observe o quanto esta espécie atrai e se relaciona com inúmeros insetos e pássaros do cerrado, ela certamente não vai mais deixar de ser notada por você.
Como medicinal ela está entre as plantas nativas usadas como antiofídicas (especialmente com peçonha proteolíticas, como jararaca e cascavel) por muitos povos tradicionais, havendo fortes indícios científicos da eficácia de sua ação para tal finalidade. As partes usadas são folhas e casca do caule.